Um estudo espanhol, publicado na revista científica British Journal of Dermatology, revela que há um tipo de erupção cutânea cada vez mais comum. Segundo os cientistas, as 'pseudo-pústulas', marcas altas e brancas, que são sólidas e não soltam pus, devem ser consideradas um sintoma da infeção por Monkeypox.
"É particularmente importante que os profissionais de saúde observem a aparência das lesões de pele. A varíola dos macacos normalmente causa pústulas, lesões cheias de pus, mas neste surto, o maior sintoma de pele é, na verdade, a pseudo-pústula, que não contém nenhum pus", explica o coordenador da Academia Espanhola de Dermatologia, Ignacio García Doval, um dos autores do estudo
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Doval lembra ainda que, apesar de os casos de hospitalização e morte por Monkeypox serem raros, as erupções cutâneas podem deixar cicatrizes e são muito desconfortáveis.
Uma outra investigação liderada por cientistas da Queen Mary University of London, dá conta que, apesar de a maioria dos infetados ter desenvolvido sintomas semelhantes aos da gripe e da varicela, alguns também apresentaram lesões genitais e feridas no ânus e na boca – que, até então, não tinham sido relatados.
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Tendo em conta a extensão do surto a mais de 70 países, recorde-se, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a varíola dos macacos uma emergência global. Apesar da falta de consenso entre os membros do comité de emergência, a decisão foi anunciada a 23 de julho pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
De acordo com dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), Portugal contabiliza 588 casos confirmados de infeção pelo vírus Monkeypox, 73 dos quais notificados na última semana.
O que fazer se apresentar sintomas de Monkeypox:
A DGS recomenda que quem apresente lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, procure aconselhamento médico e evite o contacto próximo com os outros. É ainda recomendada a higienização das mãos com regularidade.
O vírus Monkeypox foi descoberto, pela primeira vez, em 1958 quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colónias de macacos mantidos para investigação, refere o portal do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).
O primeiro caso humano de infeção foi registado em 1970 na República Democrática do Congo, durante um período de esforços redobrados para erradicar a varíola. Desde então, vários países da África Central e Ocidental reportaram casos.
Apesar de a doença não requerer uma terapêutica específica, a vacina contra a varíola, antivirais e a imunoglobulina vaccinia podem ser usados como prevenção e tratamento. O tempo de incubação é, geralmente, de sete a 14 dias, e a doença, endémica na África Ocidental e Central, dura, em média, duas a quatro semanas.
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