Quando envelhecemos, o coração tenta muitas vezes enviar-nos sinais que, por vezes, são erradamente ignorados, pelo que, a partir dos 50 anos, todos devem fazer uma avaliação médica regular.
"Alertar para a importância do diagnóstico precoce é a primeira ação a realizar quando falamos de estratégias a adotar para evitar desfechos mais graves em relação à doença valvular cardíaca", alerta Rui Campante Teles, coordenador da iniciativa Valve For Life, num comunicado a propósito da campanha #OuçaOSeuCoração, que se une à iniciativa Valve For Life e à campanha “Corações de Amanhã”, da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular, no âmbito da Semana Europeia da Sensibilização para a Doença da Válvula Cardíaca, que decorre até 18 de setembro.
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Embora esta seja "uma doença frequente e que pode ser grave (...), é tratável". Representa qualquer mau funcionamento ou anormalidade de uma ou mais das quatro válvulas do coração, afetando o fluxo de sangue através do coração. "Fazer regularmente uma simples auscultação com estetoscópio e manter-se atento a sintomas como falta de ar, fadiga e tonturas são os primeiros passos para que esta seja detetada de forma atempada", acrescenta. "A deteção precoce e o tratamento oportuno resultam num aumento da longevidade e da qualidade de vida."
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A doença valvular cardíaca tem sido descrita como a próxima epidemia cardíaca, estando a aumentar rapidamente devido ao envelhecimento da população. Atualmente, afeta uma em cada oito pessoas com mais de 75 anos, mas estima-se que este número duplique até 2040 e triplique até 20603.
A doença da válvula cardíaca é causada por desgaste, doença ou dano de uma ou mais válvulas do coração. Estando ligada ao envelhecimento, pode também estar presente desde o nascimento (doença cardíaca congénita).
Os sintomas podem incluir aperto ou dor no peito, falta de ar, fadiga, batimentos cardíacos irregulares, desmaios e atividade física reduzida. No entanto, estes são sintomas comuns em pessoas acima dos 65 anos, sendo muitas vezes desvalorizados.
O coração tem quatro válvulas cardíacas que têm como função controlar o fluxo de sangue que entra e sai. Quando as válvulas do coração não funcionam corretamente podem surgir dois tipos de doença: a estenose aórtica (estreitamento da válvula aórtica) ou a regurgitação mitral (degenerescência da válvula mitral).
No caso da estenose aórtica não tratada, grave e sintomática, por exemplo, a taxa de mortalidade varia entre 25% e 50% por ano. Mais de metade dos pacientes sintomáticos com estenose aórtica grave morrem dentro de dois anos após o desenvolvimento dos sintomas se não forem tratados. Um valor que pode facilmente ser revertido através do tratamento adequado, que passa pelo implante de uma nova válvula cardíaca, que pode ser feito através de uma cirurgia convencional ou de tratamento percutâneo.
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No entanto, alguns doentes com doença valvular cardíaca não apresentam sintomas durante muitos anos ou nunca chegam a apresentá-los, mesmo que a doença seja grave, o que pode dificultar o diagnóstico. Avaliações médicas regulares, através da auscultação do coração com um estetoscópio, são por isso cruciais para que o doente possa ser encaminhado de imediato para um cardiologista, que poderá realizar exames complementares para confirmar o diagnóstico inicial.
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