Uma investigação sobre fungos da Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, ajudou a transformar resíduos de plásticos difíceis de reciclar em componentes chave para fabricar medicamentos, noticiou hoje a agência espanhola Europa Press.
Para o projeto recolheram-se polietilenos (um tipo de plástico) do oceano Pacífico acumulados em Catalina Harbor, na ilha de Santa Catalina, na Califórnia.
O método químico-biológico para a conversão do polietileno utiliza um fungo comum do solo, o Aspergillus nidulans, alterado geneticamente. Os resultados da investigação foram divulgados na revista Angewandte Chemie, da Sociedade Alemã de Química.
"O que fizemos primeiro foi digerir os polietilenos utilizando oxigénio e alguns catalisadores metálicos - coisas que não são particularmente prejudiciais ou caras -, o que decompõe os plásticos em diácidos", disse o coautor do estudo Berl Oakley, professor de Biologia Molecular na Universidade do Kansas.
Posteriormente, as longas cadeias de átomos de carbono resultantes do plástico decomposto foram introduzidas nos fungos Aspergillus modificados geneticamente e estes metabolizaram-nos numa série de compostos farmacologicamente ativos, incluindo de asper benzaldeído, citreoviridina e mutilina comercialmente viáveis.
Segundo Oakley, "o que é diferente nesta abordagem é o facto de ser química e fungíca (...), mas também ser relativamente rápida", em relação a anteriores, nas quais o fungo conseguia digerir o material, mas levava meses, enquanto utilizando a atual é possível "ter o produto final numa semana". Adiantou que a era da sequenciação genómica abriu novas possibilidades de utilização dos metabolitos secundários em benefício da humanidade e do meio ambiente.
O cientista disse ainda que o objetivo de longo prazo da investigação é desenvolver métodos para decompor todos os plásticos em produtos que os fungos possam usar como alimento, eliminando a necessidade de os separar durante a reciclagem.
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