O seu nariz já lhe falhou alguma vez? Pode ter rinossinusite crónica

Já pensou como seria se não conseguisse dormir? Ou qual o cheiro de que sentiria mais falta se perdesse o olfato? A otorrinolaringologista Ana Sofia Melo, do Centro Hospitalar de Leiria, sensibiliza a população sobre os efeitos da rinossinusite crónica com polipose nasal, uma condição muitas vezes ignorada pelos seus sintomas serem comumente associadas a constipações e gripes, mas que afeta um em cada 10 portugueses.

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Notícias ao Minuto
26/04/2023 15:54 ‧ 26/04/2023 por Notícias ao Minuto

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Artigo de opinião

A rinossinusite crónica com polipose nasal, ou polipose nasal, é uma doença inflamatória crónica que se desenvolve nas cavidades nasais e nos seios perinasais (espaços cheios de ar nos ossos da face que drenam para o nariz), sendo caracterizada pela presença de pólipos nasais (massas benignas de tecido inflamatório) que crescem como um pequeno cacho de uvas no interior do nariz, e conduzem à obstrução das vias respiratórias. Sendo uma patologia crónica, afeta os doentes por longos períodos, geralmente durante vários anos ou décadas.

Os pólipos nasais desenvolvem-se gradualmente ao longo do tempo e os seus sintomas podem variar em gravidade dependendo do tamanho e localização. Alguns dos sintomas mais comuns incluem a obstrução/congestão nasal, dores de cabeça/faciais, secreção nasal e escorrência nasal para a faringe e diminuição ou perda do olfato e do paladar. Podem também interferir na respiração noturna e contribuir para a apneia obstrutiva do sono.

Notícias ao Minuto © Ana Sofia Melo

Os sintomas de polipose nasal podem facilmente ser interpretados como uma gripe ou constipação, uma vez que a queixa de nariz entupido e de secreções nasais são sintomas comuns em infeções das vias aéreas superiores. Estes geralmente duram entre dois a 14 dias e podem ter resolução espontânea. Na presença de rinossinusite crónica com pólipos nasais, os sintomas não melhoram sem tratamento e persistem por mais de 12 semanas.

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A população mais afetada por esta doença situa-se entre os 30 a 60 anos, sendo que a prevalência da polipose nasal tende a aumentar com a idade. No entanto pode também ocorrer na idade pediátrica, muitas vezes associada a outras doenças como a fibrose quística ou imunodeficiências.

A causa exata da polipose nasal não é totalmente compreendida, mas sabe-se que nesta doença ocorre uma resposta inflamatória desproporcional/exagerada e persistente a nível da mucosa das cavidades nasais e seios perinasais, tendo uma origem multifatorial. Entre estes fatores destacam-se os genéticos, as alterações/deficiências no sistema imunitário, alergia, infeções bacterianas ou víricas, bem como o tabagismo e a poluição. 

Além disso existem algumas condições clínicas que tornam a inflamação nasal e os pólipos nasais mais prováveis como é o caso da asma (cerca de 60% dos doentes com polipose nasal têm asma), rinite alérgica (60%), doença respiratória exacerbada pela aspirina (15%). O diagnóstico, facilmente realizado pelo médico otorrinolaringologista, assenta na história clínica e na observação do doente com recurso a técnicas de endoscopia nasal, sendo na maioria dos casos complementado pela realização de tomografia computorizada dos seios perinasais.  

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Relativamente ao tratamento existem várias opções disponíveis para a polipose nasal, que dependerá da gravidade dos sintomas e da causa subjacente pelo que é necessária uma estratégia de tratamento personalizada. Algumas das opções mais comuns incluem:

  • Lavagem nasal: através de soluções salinas para limpar as cavidades nasais;
  • Medicamentos: estes podem incluir corticóides intra-nasais ou sistémicos (orais, por exemplo) com o objetivo de reduzir a inflamação intra-nasal;
  • Cirurgia: em casos graves ou persistentes de polipose nasal, pode ser necessário recorrer à cirurgia. A cirurgia endoscópica nasal é um procedimento minimamente invasivo que permite remover os pólipos nasais e restaurar a permeabilidade das fossas nasais. 

Ultimamente, têm surgido novas armas terapêuticas, nomeadamente os agentes 'biológicos' que se têm mostrado eficazes no controlo dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida de doentes com patologia grave e não controlada. 

Apesar desta doença afetar cerca de 12% da população portuguesa e de ter um impacto significativo na qualidade de vida, é muitas vezes subestimada e mal compreendida. O facto dos sintomas serem semelhantes aos de uma constipação ou gripe faz com que muitas vezes estes sejam ignorados sendo que o tratamento é procurado, frequentemente, quando a doença já se encontra num estado de desenvolvimento avançado. É assim importante estar ciente dos seus sintomas e procurar aconselhamento médico atempadamente. 

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