Está de férias e não consegue mesmo fazer o 'número dois' na casa de banho do hotel ou alojamento? É um problema que afeta múltiplas pessoas e tem consequências muito incómodas e desagradáveis. Para entender o fenómeno, o Lifestyle ao Minuto falou com Cátia Lopes, uma hipnoterapeuta, licenciada em psicologia, na Clínica Dr. Alberto Lopes.
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Segundo a especialista, a "dificuldade em evacuar, especialmente em locais desconhecidos, é muito mais do que pura biologia, sendo um reflexo de uma complexa trama de comportamento, conforto pessoal e alimentação".
Normalmente, isto acontece porque "a abrupta mudança de rotina, as refeições irregulares e, frequentemente, menos saudáveis, podem causar estragos no nosso 'trânsito' intestinal, dificultando uma evacuação regular".
Cátia Lopes© Clínica Dr. Alberto Lopes
Aliás, mencionando um estudo, a especialista diz que "os investigadores enfatizaram que a obstipação é uma queixa comum entre adultos e crianças durante as férias, com sintomas como irritabilidade, cólicas, dor ao evacuar e até stress".
Descobriram também que existem duas possíveis justificações: "alterações fisiológicas devido à mudança da dieta e, naturalmente comportamentais, devido ao desconforto de utilizar casas de banho desconhecidas".
Sim, "a ideia de defecar em locais desconhecidos pode ser embaraçosa para muitos, o medo de infeções e contágio e algum grau de exposição leva a constrangimentos emocionais, como a vergonha". De acordo com a hipnoterapeuta, trata-se de um fenómeno, "conhecido como síndrome da casa de banho pública, uma forma de ansiedade social, segundo Simon Knowles, um conhecido psicólogo clínico".
Mas calma, isto não afeta exclusivamente as pessoas mais ansiosas e "estudos apontam que qualquer um de nós pode experimentar este desconforto", acrescenta.
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Infelizmente, a dificuldade em evacuar prolongada ao longo de vários dias, causa muito desconforto, sim, e tem muitas consequências para a saúde. Quais? "Fezes ficam ressequidas e levam a um processo inflamatório crónico no intestino."
Citado um artigo, disponibilizado no Journal of Clinical Gastroenterology, "cerca de 60% do peso seco das fezes são bactérias, e a falta de evacuação adequada pode causar fermentação que inflama o intestino, causando mal-estar, cólicas, dificuldade para dormir, alterações de humor, perda de apetite, fadiga e cansaço".
Para resolver o problema, "devemos tentar manter uma regularidade alimentar, mesmo nas férias, optando por alimentos saudáveis", aconselha. Também ajuda "a redução do consumo de açúcares e refrigerantes, a ingestão de azeite, frutas, e muitos líquidos".
Claro, atividade física como caminhar regularmente é outra recomendação, já que promove o movimento intestinal. Pode ainda "recorrer à utilização de um supositório de glicerina que ajuda em casos de fezes ressequidas".
Além de tudo isto, a especialista recomenda "a ingestão de lactobacilos e fibra à base de inulina (substância encontrada em alimentos como chicória, tomate, alho-francês, cebola, espargo) é um 'combustível' essencial para a nossa 'máquina' intestinal". Por último, em casos extremos, "uma consulta médica é imprescindível".
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