Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto desenvolveram um sistema que direciona fármacos a tumores gastrointestinais de forma a aumentar a eficiência do tratamento e reduzir os efeitos secundários, foi hoje divulgado.
Trata-se de uma nanopartícula que tem como objetivo encapsular os fármacos e conduzi-los diretamente às células do cancro gastrointestinal, contribuindo para atenuar o crescimento dos tumores.
Citado num comunicado do Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, onde também é docente, o líder do grupo Glycobiology in Cancer, no i3S, explica que esta investigação 'inovadora' tem como objetivo "aumentar a eficiência e reduzir os efeitos secundários".
Leia Também: A nova moda do TikTok é fritar e comer... palitos para os dentes
"Ao direcionar os fármacos para o tumor, esta espécie de cápsula permite aumentar a eficiência e reduzir os efeitos secundários tão indesejados que muitas vezes constituem limitações ao próprio tratamento", refere Celso Reis.
Já o investigador Bruno Sarmento acrescenta que o nanossistema "tem como grande arma a utilização de partículas que carregam as drogas modificadas e são revestidas com anticorpos direcionados para as alterações presentes no cancro gastrointestinal", revelando-se "uma estratégia promissora num tipo de cancro muito desafiante para a ciência". "O cancro gastrointestinal tem uma incidência relativamente alta no mundo, nomeadamente em Portugal, e infelizmente tem um prognóstico muito negativo, principalmente se for detetado em estádios avançados", refere o investigador, citado no comunicado do ICBAS.
Leia Também: Estudo. Toque retal é pouco eficaz no diagnóstico de cancro da próstata
De acordo com o instituto, os resultados em modelos animais permitiram verificar uma maior eficiência do fármaco quando encapsulado na nanopartícula, se comparado com a sua administração não direcionada. "Em estudos clínicos, esta droga revelava-se bastante citotóxica, causando efeitos secundários adversos (...). Os ensaios laboratoriais permitiram ainda verificar uma redução significativa na proliferação dos tumores tratados através deste método, já que, nos modelos animais estudados, verificou-se um menor crescimento tumoral", acrescenta a investigadora Joana Gomes que também participa no estudo.
A investigadora destaca que "a utilização destas moléculas como alvo nas células tumorais e a possibilidade de libertar drogas de forma controlada, abre um leque de possibilidades terapêuticas inovadoras".
Leia Também: Descoberto novo sintoma precoce de Alzheimer. Pode surgir aos 59 anos
Com os resultados obtidos a nível experimental, o projeto encontra-se em fase de valorização da tecnologia e captação de financiamento com vista a possíveis ensaios clínicos.
Por fim, destacando que esta "estratégia inovadora" resulta de anos de investigação na identificação das modificações moleculares que ocorrem no cancro, realizada pelo grupo Glycobiology in Câncer, o ICBAS revela que este estudo foi concretizado num trabalho de doutoramento da estudante Francisca Diniz.
Leia Também: Beber três chávenas de chá por dia tem benefício inesperado