Dia dos (ex-)Namorados. E depois da separação, vai cada um para seu lado?

Era tudo um mar de rosas até deixar de ser. A psicóloga Ana Eustáquio, da Clínica Médica de Pegões, explica o que deve ser feito para que haja uma relação de amizade saudável quando o amor termina.

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Ana Rita Rebelo
14/02/2024 10:25 ‧ 14/02/2024 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle

Dia dos Namorados

Alerta vermelho! Logo depois das míticas expressões 'não és tu, sou eu' e 'estamos em fases diferentes', a frase 'podemos ser amigos' é capaz de ser a mais comum quando uma relação chega ao fim e que tantas perguntas levanta a seguir. Porque somos humanos, "o término de uma relação amorosa pressupõe um luto" e é preciso fazer uma espécie de 'detox' de sentimentos, como começa por explicar a psicóloga Ana Eustáquio, da Clínica Médica de Pegões, em entrevista ao Lifestyle ao Minuto.

E depois, serão precisas medidas tão drásticas quanto um corte definitivo de relações? Para a especialista, é mais do que evidente que "os elementos do casal não devem promover uma proximidade imediata". "Após um período de afastamento, o ex-casal que decidir partilhar uma amizade deve estabelecer limites claros e definir bem as expectativas desta nova relação", focando-se "na construção de um projeto individual".

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O fim de um namoro pressupõe obrigatoriamente um corte drástico de relações? 

Manter uma relação de amizade com um 'ex' pode ser emocionalmente instável. O término de uma relação amorosa pressupõe um luto e é preciso existir um afastamento. Mesmo que já não existam sentimentos afetivos fortes, há sempre mecanismos de dependência que ficam e é preciso fazer um 'detox' destes sentimentos. Devemos respeitar o 'período de luto' e, por isso, os elementos do casal não devem promover uma proximidade imediata.

Existe, muitas vezes, uma 'pressão social' para que exista um afastamento. A família e os amigos tendem a influenciar, negativamente, uma possível amizade

O que é imprescindível numa amizade saudável com um 'ex', para que não se torne emocionalmente desgastante?

Após um período de afastamento, o ex-casal que decidir partilhar uma amizade deve estabelecer limites claros e definir bem as expectativas desta nova relação. O que vão partilhar da vida de cada um? Em que momentos é que devem estar juntos? Devem deixar claro que a relação será baseada em sentimentos de amizade, sem que haja envolvimento amoroso. O que acontece é que, por vezes a gestão desta situação pode ser emocionalmente desgastante e muitas das pessoas acabam por afastar-se. Existe, muitas vezes, uma 'pressão social' para que exista um afastamento. A família e os amigos tendem a influenciar, negativamente, uma possível amizade entre ambos. Pode existir um julgamento moral sobre esta conduta e isso tende a influenciar os comportamentos. 

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Pode partilhar algumas dicas?

As relações de amizade tendem a ser mais positivas quando já existia uma relação de amizade anterior ao namoro/casamento. Se a relação amorosa era baseada em muitos princípios de companheirismo e amizade, isso torna mais fácil a sua continuidade. O ex-casal deve respeitar o tempo e o espaço um do outro, é importante não forçar encontros ou partilha de informações sobre a sua vida pessoal. A relação com as famílias de origem do outro deve passar a ter menos importância na vida individual de cada um. Cada elemento do casal deve focar-se na construção de um projeto individual e desenvolver atividades que o ajudem a superar esta perda. Muitas vezes surgem também surgem dúvidas se a pessoa deve manter visíveis as suas publicações nas redes sociais ou de que forma é que isso pode influenciar o outro… Estas situações devem ser avaliadas e conversadas. 

Recorrer a ajuda externa pode ajudar a definir limites?

A psicoterapia individual ou terapia de casal podem ajudar. Na terapia de casal existe a possibilidade de fazer uma terapia de separação, que ajuda o casal a organizar tudo nesse processo, construir novos limites e uma boa relação. A terapia de casal não é para salvar casamentos e também não é para forçar uma separação. É para ajudar o casal a ficar bem independente do resultado.

No caso do um dos elementos do ex-casal ter uma nova relação, o que deve ser feito? Pode criar desconforto no parceiro?

Deve perceber até que ponto a amizade com o 'ex' pode influenciar esta nova relação e até que ponto é que a nova pessoa sente que esta amizade é benéfica. Um dos aspetos a considerar é o evitar comparações com a relação amorosa anterior. O novo companheiro deve sentir que a relação é única e especial, e que o o 'ex' apenas pode interferir em situações que não estejam relacionadas com a ligação amorosa do casal. Por exemplo: questões com os filhos, profissionais ou até mesmo de lazer ou diversão. 

Quando existem filhos no processo de separação, estes devem olhar para os pais como duas pessoas que têm um grande respeito um pelo outro. (...) É importante que entendam que os pais não irão voltar a ser um casal de namorados, mas que o respeito existirá sempre

E se o atual companheiro sentir que a presença do 'ex' é demasiada?

Deve falar de forma aberta e sincera sobre isso. No fundo, é preciso comunicar, focando-se naquilo que pensa, sente e deseja, evitando críticas destrutivas ou acusações ao 'ex'.

Quando há filhos envolvidos, pode ser confuso para as crianças? 

Quando existem filhos no processo de separação, estes devem olhar para os pais como duas pessoas que têm um grande respeito um pelo outro.  Uma relação de amizade entre pais separados pode ser vista de duas formas pelos filhos: podem ficar confusos e fantasiar uma relação mais romântica entre os pais ou sentir-se seguros por perceberem que os pais estão unidos e partilham visões semelhantes da vida. O ideal é que os pais estejam presentes nos momentos importantes da vida dos filhos e que demonstrem que a relação deles é baseada em princípios de amizade, mas que a sua vida amorosa seguiu caminhos diferentes. É importante que entendam que os pais não irão voltar a ser um casal de namorados, mas que o respeito existirá sempre.

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