Biólogo espanhol diz que ADN pode não definir identidade do ser humano
Alfonso Martínez Arias publicou uma obra no passado verão em que dá o exemplo raro de uma mulher que possui dois genomas.
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O raro caso de Karen Keegan é um dos exemplos citados pelo biólogo espanhol Alfonso Martínez Arias no seu livro 'The Master Builder', publicado no passado verão. Nesta obra, o perito afirma que o ADN pode não ser o principal responsável por definir a identidade do ser humano.
Segundo o jornal El País, Karen Keegan é o resultado de dois óvulos fecundados por dois espermatozoides que em vez de darem origem a dois fetos fundiram-se num só. Desta forma, a mulher tinha dois genomas, algo que só veio a perceber em 2002.
Nesse ano, Karen Keegan sofreu uma insuficiência renal grave e teve de receber um transplante de rim. Depois de testes genéticos para se perceber qual dos três filhos seria mais compatível neste processo, a mulher descobriu que dois deles não eram filhos dela.
Com este caso, Alfonso Martínez Arias sugere que o ADN não define a identidade do ser humano. "Um organismo é o trabalho das células. Os genes apenas fornecem materiais para o seu trabalho", revela na obra.
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O biólogo diz que o ADN não é um mero manual de instruções ou um plano de construção do corpo. "Muitas vezes surge a questão de como é possível que genomas tão semelhantes possam construir animais tão diferentes como moscas, sapos, cavalos e humanos. Contudo, a verdadeira maravilha é como o mesmo genoma pode construir estruturas tão diferentes como um olho e um pulmão no mesmo organismo. Vamos dar às células o crédito que elas merecem", explica.
"As células são as mestras da construção e não existe um projeto no genoma que direcione o que fazem”, continua. Na obra dá ainda o exemplo do primeiro gato que foi clonado, em 2001. Ficou conhecido como Copy Cat. Os animais não eram de todo idênticos uma vez que tinha sido copiada informação genética que tinha alguns genes inativos.
"As pessoas não queriam um gato com os mesmos genes do seu animal de estimação, queriam um gato que fosse exatamente igual. Isso é simplesmente impossível."
Alfonso Martínez Arias explica que é na célula que está um dos grandes enigmas. "Ainda não sabemos muito sobre como as células são organizadas para usar o genoma, mas as respostas estão aí, começando a manifestar-se nas maravilhas celulares ou organoides semelhantes a embriões."
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