O país aguarda pelo desfecho da operação de busca do último militar desaparecido na sequência da queda de um helicóptero no rio Douro. A bordo seguiam seis passageiros, entre eles um piloto, resgatado com vida, e uma equipa de cinco militares da GNR - Unidade de Emergência Proteção e Socorro que regressava do combate a um incêndio no concelho de Baião. O primeiro-ministro Luís Montenegro anunciou, no local da tragédia, que foi decretado Dia de Luto Nacional para este sábado em homenagem às vítimas.
Ao Lifestyle ao Minuto, a psicóloga Catarina Lucas é perentória ao afirmar que, nestas circunstâncias, "lidar com uma família que acabou de saber que perdeu familiares num desastre exige sensibilidade". "É fundamental garantir que a notícia é dada num ambiente privado e seguro, comunicando apenas informações confirmadas", alerta.
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À medida que o tempo passa, e tendo os familiares noção da situação difícil em que se encontram, "é crucial ouvi-los, permitindo que expressem as suas emoções sem interrupções e julgamentos, oferecendo suporte emocional imediato". "Respeitar as reações individuais e dar tempo para que a família processe a notícia é essencial, assim como fornecer assistência prática com questões logísticas e orientar sobre os próximos passos. É fundamental garantir disponibilidade contínua e manter o contato para apoio adicional, assim como proteger a família da exposição mediática e respeitar a sua privacidade", considera.
Psicóloga Catarina Lucas© Centro Catarina Lucas
A especialista sublinha que a exposição prolongada a notícias deve ser evitada. "É importante limitar o tempo de exposição, procurar informações em fontes confiáveis e equilibrar o consumo de notícias."
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Luto sem corpo
Questionada sobre a experiência de luto sem um corpo presente, Catarina Lucas explica que "envolve aceitar a ausência de respostas definitivas". A psicóloga sugere, inclusive, a "realização de rituais simbólicos ou a criação de um memorial para ajudar a processar a perda".
Defende ainda que o apoio deve ser intensificado junto dos colegas de profissão, considerando necessário um "suporte psicológico especializado". "É crucial promover o diálogo aberto sobre o impacto da perda, reforçando a importância da camaradagem e do cuidado da saúde mental dentro da equipa. É importante criar um ambiente de apoio mútuo, permitindo que todos expressem as suas emoções." "Realizar homenagens e rituais de despedida pode ajudar a honrar os colegas falecidos", conclui.
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Serviços telefónicos de apoio emocional em Portugal
SOS Voz Amiga (entre as 16 horas e as meia-noite) - 213 544 545 (número gratuito) - 912 802 669 - 963 524 660
Conversa Amiga (entre as 15 e as 22 horas) - 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159
Telefone da Esperança (entre as 20 e as 23 horas) - 222 080 707
Telefone da Amizade (entre as 16 e as 23 horas) – 228 323 535
Todos estes contatos garantem anonimato tanto a quem liga como a quem atende. No SNS24 (808 24 24 24), o contacto é assumido por profissionais de saúde. Deve selecionar a opção 4 para o aconselhamento psicológico. O serviço está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.
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