Em Portugal existe uma elevada prevalência da dor musculoesquelética (dor das articulações) entre os idosos, conhecida como a chamada 'dor nas costas', e os fisioterapeutas têm aí um papel essencial, destacou o fisioterapeuta Pedro Casaquinha, que desde 2007 trabalha em centros de saúde e atualmente na Unidade Local de Saúde (ULS) Viseu Dão-Lafões, com muitos utentes idosos.
A grande variação na idade e género dos problemas de dor musculoesquelética é retratada em estudos da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor, que dá como exemplo a dor do joelho por osteoartrite extremamente comum no idoso - afetando mais do que uma em cada três pessoas com mais de 60 anos - e pouco comum nos jovens, e os distúrbios envolvendo os músculos mastigatórios e estruturas associadas (disfunção da articulação temporomandibular) que entram em declínio após os 45 anos de idade.
A combinação de uma boa nutrição com atividade física, indicada ou não por fisioterapeuta, acelera significativamente a recuperação muscular, defende o nutricionista Diogo Catita das residências Montepio de Lisboa e Vale do Tejo, porque fornece os nutrientes necessários para regenerar e manter a massa muscular, enquanto a atividade física promove o estímulo mecânico essencial para a hipertrofia muscular (aumento dos músculos com a prática de atividade física).
A ingestão proteica adequada, particularmente próxima dos períodos de exercício, potencia a síntese de proteínas musculares e a sinergia entre estas áreas é fundamental para prevenir a sarcopenia, melhorar a funcionalidade e acelerar o retorno à autonomia física.
A sarcopenia é a perda de massa, força e função muscular, uma condição comum associada ao avanço da idade (>50 anos), à redução das atividades físicas, à redução da produção de hormonas (testosterona e estrogénio) e consequente redução do tamanho das fibras musculares.
Nas instituições, a recuperação de pessoas idosas acamadas é cada vez mais realizada com uma equipa multidisciplinar composta por nutricionista, fisioterapeuta, enfermagem, médico e terapeuta da fala (quando necessário), e tem melhores resultados do que quando o doente é apenas seguido por um só profissional de saúde.
As necessidades energéticas e proteicas do paciente são identificadas através de uma avaliação nutricional individualizada, com base na qual é desenvolvido um plano alimentar adequado, explicou o nutricionista.
Segundo a mesma fonte, fora das instituições, pessoas de idade avançada que não estejam acamadas devem manter a prática de exercício físico, nem que seja em casa, se não puderem ir mais longe, ou fazendo uma caminhada diária, afirmou, lembrando que a idade está associada a falta de mobilidade e que é importantíssimo combater isso.
Aos mais velhos o fisioterapeuta recomendou recorrer a técnicas que fomentem o exercício físico nas idades mais avançadas, como encontrar-se com outras pessoas da mesma idade e com o mesmo propósito de exercício para um envelhecimento saudável ou participar em projetos que existem pelo país nos centros de saúde focados na promoção desta mobilidade.
A preparação para uma boa velhice é muito importante para evitar as tão frequentes quedas em idosos, e para isso é essencial algum exercício mesmo em idade avançada ou na terceira idade, reforçou o fisioterapeuta.
O trabalho dos fisioterapeutas com os idosos passa essencialmente por ajudar em manter o que chamam a "função" e que se traduz em manter a capacidade de continuar a fazer atividades da vida diária, como tarefas de autocuidado, cuidar da casa, ir ao banco ou fazer compras.
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