Quando apresentar um novo amor aos filhos? E de que forma?

Há um tempo recomendável para envolver os filhos? Filipa Jardim da Silva, psicóloga clínica e fundadora da Academia Transformar responde e partilha ainda dicas para lidar com uma situação que, no seu entender, implica "muita cautela".

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Ana Rita Rebelo
14/02/2025 13:07 ‧ ontem por Ana Rita Rebelo

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"Não há uma regra universal, mas muitos especialistas recomendam esperar, no mínimo, seis meses antes de apresentar um novo parceiro aos filhos", diz a psicóloga Filipa Jardim da Silva ao Lifestyle ao Minuto. Crê, no entanto, "que não existe um momento certo absoluto para apresentar o novo amor. O que existem são sinais que indicam que é uma boa altura".

 

A especialista defende que a situação merece "muita cautela". "Deve-se dar tempo ao tempo e, depois, explicar às crianças, de forma simples e ajustada à idade, que há alguém especial na vida do pai ou da mãe", clarifica. 

Após uma separação, como apresentar um novo amor à família?

O ideal é fazer uma transição cuidadosa e respeitosa. Deve esperar-se pelo momento certo.

Então, há um momento certo?

Não há propriamente um prazo fixo, mas é importante garantir que a relação tem bases sólidas antes de envolver a família.

O novo relacionamento deve estar bem estabelecido antes de ser apresentado aos filhos

O que é que pode ajudar a preparar terreno?

Ter conversas prévias pode ajudar a gerir expetativas e a evitar resistências. Um encontro informal e sem grande pressão também pode ser uma boa forma de iniciar essa integração. Cada família tem o seu tempo para aceitar mudanças. Devemos respeitar cada reação. A paciência e empatia são essenciais neste processo.

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E quando há filhos envolvidos, o que se deve fazer?

A introdução de um novo parceiro aos filhos deve ser feita com muita cautela, tendo em conta a idade, maturidade e emoções da criança. Tal como dizia antes, o novo relacionamento deve estar bem estabelecido antes de ser apresentado aos filhos. Deve-se dar tempo ao tempo e, depois, explicar às crianças, de forma simples e ajustada à idade, que há alguém especial na vida do pai ou da mãe. É natural que uma criança desenvolva algum sentimento de posse ou de proteção com um dos progenitores após a separação e que sinta o seu espaço ameaçado com a entrada de uma nova pessoa. É por isso que insisto que é vital reforçar que cada elemento tem o seu espaço numa família, mas que a ligação entre uma mãe e pai com um filho é incondicional e diferente de um amor romântico.

A criança pode ter receio de que esse novo amor substitua o outro progenitor?

É essencial evitar comparações e reforçar que cada pessoa tem o seu lugar. A minha sugestão é criar um primeiro encontro neutro. Um passeio ao ar livre ou uma atividade leve pode ser menos intimidante do que um encontro formal.

No caso dos filhos, como é que deve fazer a tal introdução cautelosa de que falava no início da conversa?

Não há uma regra universal, mas muitos especialistas recomendam esperar, no mínimo, seis meses antes de apresentar um novo parceiro aos filhos. No entanto, creio que não existe um momento certo absoluto para apresentar o novo amor. O que existem são sinais que indicam que é uma boa altura, nomeadamente quando o relacionamento já passou a fase inicial e demonstra estabilidade e compatibilidade de valores. Por essa altura, o progenitor já se sente seguro e preparado para essa introdução, quer pelas conversas que já teve, como pelo conhecimento que já tem do novo parceiro, e as crianças já tiveram algum tempo e apoio para processar a separação.

O outro progenitor deve ser informado desta decisão?

Idealmente, sim. Se há uma relação de coparentalidade, informar o outro progenitor demonstra respeito e reforça a parceria, evitando o efeito surpresa ou até alguma contrainformação.

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Como deve ser feita a comunicação?

Pode ser breve e factual, focada nas crianças, sem necessidade de se pedir permissão. Manter um tom neutro e tranquilo ajuda a evitar conflitos desnecessários.

É comum que as crianças sintam medo, ciúmes ou resistência. Nestes casos, os pais devem validar os sentimentos, dizendo algo como 'compreendo que seja estranho para ti. Podemos falar sobre isso?'

E se há um histórico de tensão?

Nesses casos, pode ser útil gerir essa conversa de forma mais diplomática ou até com apoio profissional.

O que fazer quando a criança não reage bem?

Quando existem alterações persistentes no funcionamento da criança a nível de sono, apetite, humor, rendimento académico, socialização e comportamento no geral é importante procurar apoio profissional. Um psicólogo clínico, especializado em desenvolvimento infanto-juvenil, poderá apoiar diretamente a criança e orientar o pai e a mãe com práticas de parentalidade ajustadas ao perfil do seu filho e das necessidades identificadas. É comum que as crianças sintam medo, ciúmes ou resistência. Nestes casos, os pais devem validar os sentimentos, dizendo algo como 'compreendo que seja estranho para ti. Podemos falar sobre isso?', uma vez que isso ajuda a criança a sentir-se ouvida. Por outro lado, lembro que forçar a aceitação pode ser contraproducente. O importante é mostrar que o amor dos pais continua inalterado e envolver a criança. Perguntar como se sente e incluir a sua opinião pode ajudar a criar um ambiente de maior aceitação.

E o que é que não se deve mesmo fazer?

Apresentar várias pessoas num curto espaço de tempo e colocar pressão sobre os filhos para gostarem do novo parceiro. O vínculo deve ser construído gradualmente. Por outro lado, também não se deve comparar o novo parceiro ao outro progenitor ou dizer mal do pai/mãe da criança, usar os filhos como mensageiros entre ex-parceiros, iniciar uma co-habitação muito no início da relação e ignorar sinais de desconforto ou insegurança por parte das crianças. 

A adaptação à nova dinâmica familiar leva o seu tempo.

Sim. E exige paciência e respeito. O mais importante é priorizar o bem-estar emocional de todos os envolvidos e respeitar os ritmos de aceitação, procurando ter em consideração as necessidades e desafios específicos de cada fase de desenvolvimento infanto-juvenil.

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