"Os sintomas de cancro do rim são raros e muitas vezes inespecíficos"

Neste Dia Mundial do Rim, o Lifestyle ao Minuto falou com o urologista Isaac Braga para alertar para umas das doenças 'silenciosas' que afeta este órgão, o cancro do rim.

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Adriano Guerreiro
13/03/2025 08:44 ‧ há 2 horas por Adriano Guerreiro

Lifestyle

Dia Mundial do Rim

Na grande maioria dos casos, o cancro do rim não apresenta grandes sintomas, daí ser considerada uma doença 'silenciosa'. Existem também situações em que os sintomas são confundidos com outras patologias. Em Portugal, representa cerca de 2% a 3% dos casos de cancro.

 

Esta quinta-feira, 13 de março, assinala-se o Dia Mundial do Rim. O Lifestyle ao Minuto falou com o urologista Isaac Braga para saber mais sobre esta doença grave que afeta este órgão.

"O cancro do rim, por não ser dos mais frequentes, não é tão discutido como outros tipos de cancro, como o da mama, próstata ou do pulmão." Tal como outros tipos de cancros, a detenção precoce pode aumentar as hipóteses de cura.

"O diagnóstico precoce melhora significativamente as hipóteses de cura, permitindo tratamentos menos agressivos e uma maior taxa de sucesso na remoção do tumor."

Notícias ao Minuto Isaac Braga é urologista© CUF  

Qual a importância de assinalar-se o Dia Mundial do Rim?

O Dia Mundial do Rim é essencial para sensibilizar a população sobre a importância da saúde renal e a prevenção de doenças renais, incluindo o cancro do rim. Muitas doenças renais são silenciosas e só apresentam sintomas em fases muito avançadas, por isso é essencial aumentar a consciencialização para estes problemas, podendo mesmo incentivar hábitos saudáveis e exames mais precoces ou preventivos.

Acha que a população em geral está bem informada sobre o cancro do rim?

Não totalmente. O cancro do rim, por não ser dos mais frequentes, não é tão discutido como outros tipos de cancro, como o da mama, próstata ou do pulmão. O facto de não existirem sintomas na grande maioria dos casos, nem existir um programa de rastreio, faz com que muitas pessoas desconheçam quais os sintomas de alarme, os eventuais fatores de risco e a importância do diagnóstico precoce.

 Muitas pessoas não associam [os sintomas] a algo grave e acabam por atrasar a procura de ajuda médica.Qual é o grau de incidência do cancro do rim em Portugal?

O cancro do rim representa cerca de 2% a 3% de todos os cancros em adultos. A sua 
incidência tem aumentado, possivelmente devido ao maior uso de exames de imagem que levam à deteção precoce.

Ainda existem muitas pessoas que acabam por desvalorizar alguns sintomas que podem ser graves e que estão relacionados com o cancro do rim?

Como os sintomas são raros e muitas vezes são inespecíficos, por exemplo, emagrecimento, sangue na urina ou dor lombar, muitas pessoas não os associam a algo grave e acabam por atrasar a procura de ajuda médica.

É considerada uma doença 'silenciosa'?

Na maioria dos casos, o cancro do rim desenvolve-se sem sintomas evidentes nas fases iniciais, sendo frequentemente descoberto acidentalmente durante exames de rotina, como ecografias ou tomografias, vulgo TAC, abdominais feitas por outros motivos.

Quais são os principais sintomas do cancro do rim?

Reforço que a maioria dos doentes são assintomáticos, mas quando apresentam sintomas esses são mais frequentemente relacionados com sangue na urina, dor lombar persistente, massa palpável, ou inchaço, da região abdominal, fadiga ou perda de peso inexplicável. 

Podem ser confundidos com outro tipo de patologias?

Sim, muitas vezes os sintomas são confundidos com infeções urinárias, 'pedras' nos rins, problemas musculares ou gastrointestinais.

Quais são os principais fatores de risco que estão associados?

Os principais fatores de risco incluem: tabagismo; hipertensão arterial; obesidade; e também se existir histórico familiar de cancro do rim ou doenças renais crónicas. Por vezes, a exposição prolongada a substâncias tóxicas, como certos produtos químicos industriais, tintas e solventes, pode também contribuir com risco.

Existe uma idade em que é aconselhável fazer algum tipo de exames?

Não há uma idade fixa para fazer exames de rotina, mas a maioria dos casos ocorre após os 50 anos. Pessoas com fatores de risco devem conversar com o médico sobre a necessidade de exames como ecografias ou análises.

Leia Também: Estudo explica como círculos de ADN tornam cancro do pâncreas agressivo

Qualquer pessoa está suscetível ou existe algum grupo de risco?

Qualquer pessoa pode desenvolver cancro do rim, mas o risco é maior em fumadores, que são o grupo com maior risco de cancro do rim. Dos grupos de risco ressalva-se ainda que os homens, as pessoas obesas, hipertensas e aquelas com histórico familiar da doença são as que apresentam maior risco.

Existe alguma forma de prevenir o cancro do rim? Que cuidados é possível ter ao longo da vida?

Embora não seja possível prevenir totalmente, alguns hábitos ajudam a reduzir o risco passam por não fumar, manter um peso saudável, controlar a pressão arterial, praticar atividade física regularmente e evitar exposição a substâncias tóxicas

Tal como outro tipo de cancro, quando detetado de forma precoce tem mais hipóteses de cura?

O diagnóstico precoce melhora significativamente as hipóteses de cura, permitindo tratamentos menos agressivos e uma maior taxa de sucesso na remoção do tumor.

Como é feito o diagnóstico e qual a importância de ser feito de forma precoce?

O diagnóstico é feito através de exames de imagem, como ecografia, tomografia computorizada (TAC) e ressonância magnética. A deteção precoce aumenta as chances de tratamento eficaz e cura.

Muitas pessoas vivem normalmente com um único rim, desde que seja funcionalApós o diagnóstico, quais são as possibilidades terapêuticas que existem?

O tratamento depende do estágio do tumor, podendo incluir cirurgia, como a nefrectomia parcial, que consiste na remoção parcial do rim ou remoção total do rim; tratamentos que atuam diretamente nas células renais, como terapias alvo, conhecidas como TKI, inibidores da tirosina cinase, e mais recentemente imunoterapia. Em casos altamente selecionados podem realizar tratamentos focais ablativos.

Como tem evoluído a ciência nos últimos anos em relação a este tipo de cancro?

Houve vários avanços, principalmente ao nível dos tratamentos realizados. No que diz respeito à cirurgia, temos caminhado no sentido das cirurgias minimamente invasivas, como a cirurgia parcial laparoscópica ou mais recentemente robótica que permitem menos efeitos pós-operatórios e recuperação mais rápida. Nos tratamentos sistémicos, a imunoterapia foi uma evolução importante que veio acrescentar ao armamentário usado neste tipo de doença. 

Além do cancro do rim, que outras doenças graves podem estar associadas a este órgão?

Outras doenças renais graves incluem insuficiência renal crónica, doença renal policística glomerulonefrites e infeções renais graves, com pielonefrite. 

É possível viver bem apenas com um rim, em casos em que é necessário retirar um? 

Sim. Muitas pessoas vivem normalmente com um único rim, desde que seja funcional. O outro rim pode compensar a função perdida.

Que cuidados são precisos em casos como este?

Manter uma alimentação equilibrada, controlar a pressão arterial, evitar medicamentos que possam sobrecarregar os rins, como anti-inflamatórios, e realizar exames regulares para monitorizar a função renal.

Leia Também: O sinal de cancro colorretal que nunca deve ser ignorado

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