Falar de alimentação nos dias de hoje é falar de uma moeda com duas faces bem distintas. Se de um lado temos as taxas de obesidade a aumentar a olhos vistos, do outro temos também uma crescente tendência para a procura de alimentos saudáveis. Somos, cada vez mais, aquilo que comemos… para o bem e para o mal.
Para tentar compreender melhor o real impacto dos alimentos na saúde, o Lifestyle ao Minuto conversou com a naturopata Mariana Pessanha. Mas antes de aprofundarmo-nos em opiniões, há que compreender a naturopatia.
A naturopatia é um método terapêutico que defende que a maior parte das doenças pode ser evitada ou tratada pela dietética ou por meios naturais. Ou seja, tanto aquilo que se come como aquilo que se faz é suficiente para poder dar ou tirar saúde.
Mas, como é que tal é possível? Encontrando a causa... e a consequência. "Defendo que o terapeuta deve preocupar-se, única e exclusivamente, em tentar perceber a causa de cada desequilíbrio (seja emocional, físico ou mental) e levar o paciente a entender, em conjunto consigo, o que o levou ao estado em que se encontra, porque, só assim, se assiste a verdadeiras mudanças comportamentais", diz Mariana Pessanha.
Somos aquilo que comemos
Hoje em dia, existe muita informação acerca da alimentação, mas "o maior problema é que muita desta informação é passada através de marketing a fim de divulgar algo como benéfico para a saúde", declara a naturopata, defendendo que "não faz sentido que sejam divulgados como saudáveis produtos totalmente processados como queijinhos magros, ou carnes processadas (como fiambres de peru, etc.) ou biscoitos ditos 'sem açúcar', mas com adição de substâncias (muito piores), como por exemplo aspartame, xarope de frutose, edulcorantes".
Na presença deste tipo de componentes – usados para aumentar a validade, dar sabor, cor e melhorar a textura – "o nosso organismo não consegue descodificar e identifica-os, muitas vezes, como gordura, alojando em determinados lugares do organismo prejudicando o funcionamento do fígado e criando toxicidade de forma geral".
Olhando para os alimentos como o 'medicamento natural', há que ter em conta que o organismo das pessoas não é igual, podendo o efeito/benefício não ser o mesmo. Por isso, "é importante ter em conta quais as necessidades de cada pessoa, para que os alimentos possam ser dirigidos/indicados a cada um consoante o que precisa e não consoante a quantidade de calorias que possa ou não ter o alimento em questão", diz Mariana Pessanha.
Porém, existem alguns alimentos que são prejudiciais a nível geral. A naturopata refere-se a "alimentos inflamatórios", como é o caso dos açúcares (excepto o açúcar de coco), alimentos processados, produtos light, lacticínios (independentemente de vir na embalagem 'sem lactose' (sendo que o problema em relação aos produtos lácteos vai bem para além da questão de conter ou não a enzima lacatase para digerir o açúcar presente lactose) glúten, álcool, soja, fumados, carnes processadas entre outros".
Quanto aos alimentos vistos como 'aliados da saúde', Mariana afirma tal "vai depender de pessoa para pessoa, bem como da época do ano", contudo, mostra-se "fã de brócolos (brássicas/couves), de açafrão (curcuma-longa), beterraba, vegetais verdes escuros, abacate, ovos, óleo de coco, agua de coco e leite de coco".
As redes sociais e modas alimentares
Em resposta por email ao Lifestyle ao Minuto, a especialista garante que as redes sociais podem "sem dúvida" levar as pessoas a ter opções alimentares erradas, muitas vezes por imitação.
Mariana Pessanha dá o exemplo da palavra detox, dos sumos detox e de alguns tipos de alimentação defendidos por bloguers e figuras públicas, que se emanciparam nas redes sociais e se tornaram numa "verdade absoluta e generalizada para o comum dos mortais, nunca pensando que pode aumentar a propensão para distúrbios alimentares, desmineralização e constantes comportamentos yo-yo's em relação à alimentação".
"O que funciona para uma pessoa num curto espaço de tempo, por uma razão específica, não se deve tornar numa realidade de outra só porque sim", destaca.
Como se pode praticar a naturopatia na cozinha
Assim que percebeu que "as pessoas ficavam fascinadas e empolgadas na consulta e queriam mais, queriam aprender a por tudo isto em prática ao pormenor", Mariana deu início a um projeto, o 'Naturopatia na cozinha'.
Trata-se de uma série de workshops em que cria "duas a três receitas" que são confeccionadas em conjunto. Durante a confeção, "especifico quais os benefícios de determinadas receitas/alimentos, quando, para quem e porque devem ser utilizados".
Os workshops "são como consultas em conjunto", decorrem no restaurante Organic Caffe e" é lá que acabo sempre a explicar a teoria da melhor forma que sei, através de desenhos e exemplos reais".
"No final de cada workshop, após saborearmos tudo o que confeccionamos e desfrutarmos de algumas entradas que o Organic nos fornece, entrego sempre um dossier com todas as receitas e respetiva função dos alimentos", explica, garantindo que "a dinâmica dos workshops é única, um ambiente muito familiar e particular" e "sem dúvida uma das pernas que mais gosto de todo o trabalho que tenho vindo a desenvolver".
Para mais esclarecimentos sobre a naturopatia, consulte o site de Mariana Pessanha.