Endometriose: quando as dores menstruais são sinal de doença

Hoje, dia 12 de março, realiza-se uma marcha mundial pela endometriose. Estima-se que em Portugal cerca de 240 mil mulheres em idade fértil têm endometriose.

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Vânia Marinho com Ana Lemos
12/03/2016 08:05 ‧ 12/03/2016 por Vânia Marinho com Ana Lemos

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Saúde

A Endometriose é uma doença com um diagnóstico, geralmente, demasiado tardio. A falta de informação e o facto de os sintomas serem iguais às dores menstruais fazem com que muitas mulheres vivam anos sem saber que sofrem desta condição.

A endometriose consiste no aparecimento e crescimento do tecido endometrial fora do útero, sobretudo na cavidade pélvica, nos ovários, atrás do útero, nos ligamentos uterinos, na bexiga ou no intestino (ainda que também possa aparecer fora do abdómen como nos pulmões ou outras partes do corpo).

Os sintomas são dores menstruais de intensidade ligeira a forte com sangramentos irregulares (e abundantes), e quistos nos ovários. Esta doença altera a qualidade de vida das mulheres e reflete-se nos meios familiar, social e laboral.

Em Portugal, de acordo com um levantamento feito pela Mulherendo – Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose, “estima-se que a doença atinja uma em cada dez mulheres em idade fértil”, afirma Susana Fonseca, presidente da Mulherendo.

Apesar dos avanços no tratamento da endometriose, ainda não existe cura e pouco se sabe sobre as causas. A doença costuma ser diagnosticada entre os 25 e os 35 anos, apesar dos primeiros sinais se manifestarem anos antes, com o início da menstruação.

Há casos em que passam cinco ou dez anos desde que a mulher deteta os primeiros sintomas até ao diagnóstico de endometriose, “é um período demasiado longo que além de prejudicar a qualidade de vida de quem dela sofre, pode acarretar graves problemas médicos como a infertilidade”, explica a Dra. Catarina Godinho, ginecologista especialista em medicina da reprodução no IVI Lisboa. 

O tratamento da endometriose melhorara as possibilidades das mulheres conseguirem uma gestação por via espontânea. Sabe-se que a doença pode afetar a fertilidade da mulher, uma vez que esta diminui a reserva de ovócitos e a qualidade dos mesmos, explica a médica especialista.

Estima-se que 25% das mulheres inférteis sofram desta doença e existe o mito de que a gravidez cura, o que também não é verdade”, comenta Susana Fonseca.

A presidente da associação admite que “durante o período de gestação, a doença fica adormecida”, mas pode regressar após o parto e “com muito mais força”, refere, alertando ainda para o facto de “os tratamentos de fertilidade agravarem, em muito, a doença”. Portanto, a recomendação da Mulherendo é “primeiro tratar da doença e só depois partir para uma gravidez”.

É imprescindível estar atenta aos sintomas: “além das dores menstruais fortes, se há dores nas relações sexuais, obstipação e prisão de ventre, dificuldade em urinar durante a menstruação, é preciso procurar ajuda médica”, conclui.

Hoje, 12 de março, realiza-se pelo terceiro ano consecutivo a Worldwide EndoMarch (Endomarcha ou marcha mundial pela endometriose) em Lisboa. Começa às 15h na Praça do Comércio e dura sensivelmente 30 minutos em caminhada lenta. 

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