Celebra-se esta sexta-feira o Dia Mundial do Sono, uma data que criada pela World Sleep Society e que tem como objetivo trazer para o centro das atenções a importância de dormir bem e o impacto que as perturbações do sono têm nos mais variados aspetos da vida. Para os portugueses, dormir não é uma prioridade... mas devia.
Mas comecemos pelo conceito de ‘dormir bem’. O que quer isso dizer? Dormir muito? Dormir o suficiente para se sentir bem? Dormir sem acordar a meio da noite? De acordo com a Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos, a qualidade do sono depende de uma série de requisitos, sendo a capacidade de adormecer em poucos minutos um dos aspetos mais positivos na hora de avaliar a forma como dormimos. Mas se pensa que sabe tudo sobre o sono, engana-se.
Para que o sono seja de qualidade não basta adormecer assim que se chega à cama. É preciso dar ouvidos aos sinais que o corpo dá e não desvalorizar o tormento que são problemas de sono, que “são uma epidemia global que ameaça a saúde e a qualidade de vida de 45% da população”, diz em comunicado a Associação Portuguesa do Sono, salientando que “existem cerca de 100 doenças do sono”, mas que “a maioria pode ser melhorara ou tratada”, embora “menos de um terço dos afetados procure ajuda”.
De acordo com a Associação Portuguesa do Sono, a qualidade do sono tem um impacto que vai desde “as doenças naturais às perturbações psicológicas” e assume-se, ainda, como “um pilar fundamental da saúde”, uma vez que interfere com os níveis de energia, com o bom funcionamento hormonal, com a capacidade de reação do sistema imunitário, entre outros aspetos. Sim, as poucas horas de sono arruínam a saúde e podem mesmo tirar anos de vida.
Ainda esta semana, o presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono (APCMS), Miguel Meira e Cruz, alertou que a privação do sono reduz os níveis de testosterona, influenciando negativamente a função sexual, metabólica e comportamental. Contudo, as consequências de dormir pouco e mal são muitas… e cada vez mais graves.
No ano passado, a APCMS juntou-se à Sociedade Portuguesa de Hipertensão num alerta que tem tudo para assustar: um "sono insuficiente e desregrado" aumenta o risco de hipertensão arterial e de morte por doença cardiovascular.
A ciência tem prestado uma especial atenção aos padrões de sono e aos efeitos nocivos da tendência para desvalorizar a importância de dormir bem e não faltam investigações que provem que é preciso começar a dormir melhor. Sim, a má qualidade do sono não depende apenas de condições como a apneia do sono e a insónia crónica, está cada vez mais ligada a hábitos diários, à alimentação, ao consumo de bebidas alcoólicas e aos elevados níveis de stress.
Dormir mal está fortemente associado ao ganho de peso – uma vez que interfere diretamente com as duas hormonas responsáveis pela sensação de fome e saciedade -, contribuindo de forma ativa para a obesidade e para o aparecimento da diabetes.
Como lhe mostrámos aqui, quando a privação do sono é algo recorrente, podemos estar perante a uma condição crónica capaz de desencadear episódios constantes de desconcentração, confusão, stress, irritação e alucinação.
A maioria dos portugueses não dorme uma boa noite de sono, mas existem formas bastante eficazes de contornar esta situação. Já considerou passar mais tempo ao ar livre, com luz solar, ou apostar em alimentos que induzem o sono? E deixar os gadgtes e equipamentos tecnológicos de parte umas horas antes de ir para a cama?
Esqueça os mitos sobre o sono e siga este plano diário e durma que nem um bebé esta noite.