Do total de mortes súbitas que ocorrem devido a problemas cardiovasculares, estima-se que 80 a 90% são provenientes de algum tipo de arritmia cardíaca.

Ainda assim, mesmo sendo tão prevalente, há muita desinformação a respeito da doença. A hereditariedade e outros fatores de risco merecem atenção de especialistas e, por isso, a consulta periódica com um cardiologista é fundamental.

Mas, afinal, o que é uma arritmia cardíaca? Quais são os sintomas? Quais são os tipos mais prevalentes? Qual o tratamento? E como prevenir?

Visando informar corretamente sobre arritmias cardíacas e morte súbita, a SOBRAC listou 10 informações que precisa de saber para que o seu coração bata no ritmo certo. Confira:

1. O que é a arritmia cardíaca?

A arritmia cardíaca é uma alteração que ocorre na formação ou na condução do estímulo elétrico do coração, podendo provocar modificações do ritmo cardíaco. As arritmias podem ser benignas e malignas. Os indivíduos que apresentam problemas no músculo cardíaco, como enfarte, cicatrizes de inflamações, doença nas artérias coronárias e insuficiência cardíaca, estão no grupo de maior risco. As arritmias em corações estruturalmente normais geralmente são benignas, embora haja exceções.

2. Como ocorre o batimento cardíaco?

O coração é uma bomba formada por quatro cavidades: duas do lado direito e duas do lado esquerdo (os átrios e os ventrículos). A sua função é impulsionar o sangue que vem das veias para os pulmões e o sangue rico em oxigénio, que vem dos pulmões, para todos os nossos órgãos. Um sistema elétrico é responsável pela contração muscular ao ritmo certo e pela sincronização dos batimentos das quatro divisões do coração. Esse sistema elétrico é formado por um conjunto de células que geram o estímulo elétrico espontaneamente, denominado nó sinoatrial ou nó sinusal e por uma rede de nervos que espalha o estímulo pelo músculo todo.

3. Qual é o ritmo cardíaco adequado?

O ritmo cardíaco adequado é o ritmo regular, compassado. A frequência dos batimentos cardíacos depende da atividade que o indivíduo está a realizar (repouso ou em exercício) e é medida pelo número de contrações do coração por uma unidade de tempo, geralmente por minuto. Por isso é expressa em BPM (batimentos por minuto). A frequência cardíaca pode variar muito, mas normalmente situa-se entre 60 bpm e 100 bpm num indivíduo em repouso ou atividades habituais.

Para um indivíduo adulto em repouso, uma frequência cardíaca de 100 bpm, persistentemente, pode ser considerada alta. Em algumas situações, como durante o exercício físico de alta intensidade, estes batimentos podem chegar aos 180 bpm. Por outro lado, quando dormimos ou estamos em repouso, a frequência pode ficar abaixo dos 60 bpm e isso é considerado normal.

4. Quais são os tipos de arritmias cardíacas?

Existem vários tipos de arritmias, mas as mais comuns são a taquicardia, quando o coração bate rápido e a bradicardia, quando os batimentos são muito lentos. Existem também os batimentos fora de compasso, que se manifestam com pulsação irregular, como as extra-sístoles e a fibrilação atrial.

5. O que é a Morte Súbita Cardíaca?

A morte súbita cardíaca é a morte inesperada, instantânea, causada pela perda da função de bombeamento do músculo cardíaco. A falta de função de bombeamento, na grande maioria, é causada por arritmias originadas nos ventrículos (fibrilação ventricular). A causa mais frequente de arritmias ventriculares na população em geral é o Enfarte do Miocárdio.

6. Quem está sujeito às arritmias cardíacas e à morte súbita?

Qualquer pessoa pode ter arritmia cardíaca, independentemente de faixa etária, género ou condição socio-económica. As arritmias cardíacas podem afetar recém-nascidos, jovens supostamente saudáveis e desportistas. Mas são mais frequentes em pessoas portadoras de doenças do músculo cardíaco ou doenças hereditárias do sistema elétrico e também em idosos.

7. Quais são os sintomas de uma arritmia cardíaca?

Os principais sintomas das arritmias cardíacas são palpitações, batimento no peito, sensação de batimentos rápidos, lentos, irregulares, às vezes cansaço de início recente e desproporcional ao grau de esforço realizado, tonturas, desmaios, fraqueza, desconforto no peito.

8. Como é feito o diagnóstico de uma arritmia cardíaca?

Quando uma pessoa percebe que o seu coração está a bater de forma inadequada, deve procurar um cardiologista para avaliação clínica. O médico fará a anamnese, levantará os dados da história familiar, realizará um exame clínico detalhado e um eletrocardiograma. A partir daí, outros testes podem ser solicitados dependendo da necessidade de cada paciente, tais como: Ecocardiograma, Holter de 24h, Teste Ergométrico, Monitor de Eventos, Ressonância Magnética do Coração e Estudo Eletrofisiológico Intracardíaco.

9. Qual é o tratamento para uma arritmia cardíaca?

Quem determinará o tratamento adequado é o médico especialista em arritmias (o Arritmologista ou Eletrofisiologista). Os tratamentos podem ser medicamentosos, por ablação por cateter (cauterização dos focos das arritmias) ou ainda pode ser necessário o uso de dispositivos cardíacos eletrónicos implantáveis (DCEI).

10. Como prevenir as arritmias cardíacas e a morte súbita?

Para prevenir as arritmias cardíacas, assim como as demais doenças, é preciso ter hábitos saudáveis, alimentação saudável, não abusar do consumo de bebidas alcoólicas, energéticas, não fumar, tratar a diabetes e evitar a obesidade. Também é importante dar atenção à saúde emocional, evitando o stress.

Toda aa tividade física e/ou desportiva moderada traz benefícios para a saúde, mas antes de iniciá-la, deve-se procurar um médico para avaliação clínica e orientação adequada. Por fim, as visitas regulares a um cardiologista, pelo menos uma vez por ano, são fundamentais. Preste atenção aos sinais do seu coração, como pulsações irregulares, batimentos intensos, rápidos, cansaço excessivo e sem motivo aparente, tonturas e desmaios.