Mais emoção e menos tecnologia. Porque deve limitar os gadgets no Natal
Para a médica Maria Laureano, pedopsiquiatra na Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra, no Natal, "deve ser claramente estabelecido um período de tempo onde é aceite" o uso de dispositivos móveis.
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Lifestyle Especialista
Se em tempos o período entre o jantar de Consoada e a abertura de prendas era passado à mesa com longas e variadas conversas, jogos e até mesmo desafios, nos dias que correm, são os dispositivos móveis que se assumem como ponto de atenção... seja por parte dos miúdos como dos graúdos.
"Não podemos ter a expetativa irrealista de que durante a noite e o dia de Natal estes dispositivos serão completamente deixados de parte", começa por dizer num artigo de opinião a médica Maria Laureano, pedopsiquiatra na Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra. E a resposta é simples: "atualmente as redes socias e as aplicações sociais servem como forma de felicitar amigos próximos (quer dos jovens, quer dos adultos)".
Mas isso não deve servir de 'desculpa' para passar aquele que seria um momento em família agarrado ao smartphone ou tablet. De acordo com a especialista, "deve ser claramente estabelecido um período de tempo onde é aceite que possam utilizá-los e que deve ser respeitado por todos os elementos da família ou outros elementos que se encontrem presentes".
"Se os nossos filhos questionarem o porquê dessas regras devemos sentar-nos com eles e explicar-lhes a importância dos afetos e com analogias simples fazê-los entender que o importante é poderem brincar e rir juntos, ao invés de se regozijarem pelo número de likes de um post. Quando nos sentamos e explicamos os porquês de forma autêntica, eles entendem-nos. A solução para controlar a presença dos dispositivos digitais tecnológicos não deve passar pela repressão, mas antes por uma utilização regrada em que todos cumprem. Os adultos também o devem fazer", explica.
Para a pedopsiquiatra, a chave do sucesso passa pela adoção de algumas estratégias que não incluam os próprios gadgets, como envolver "ativamente" os mais novos "nas tarefas de preparação da noite de Natal de uma forma divertida e lúdica, ajudando na preparação das iguarias de Natal ou ficando responsáveis pela ornamentação dos espaços de convívio". "Em paralelo, devem ser planeadas atividades de grupo para todos os elementos da família, como por exemplo, jogos de tabuleiro ou atuações artísticas onde cada um desempenha um papel", continua.
"As vivências através de um ecrã de telemóvel ou de qualquer outro dispositivo tecnológico são emocionalmente vazias do real contato com o outro e sensorialmente pobres, não têm cheiro, paladar, não estimulam as terminações nervosas da pele como um abraço apertado, por exemplo dos primos quando se encontram", critica a médica da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra, destacando que, por isso, "é importante pensarmos que o Natal e outras épocas festivas similares devem ser vividas por todos os elementos da família, pois estes são os momentos em que as famílias reforçam os laços afetivos que as unem, onde criam memórias sensoriais e constroem as suas histórias biográficas".
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