O histórico familiar é um dos aspetos com mais peso na hora de determinar a predisposição de uma pessoa sofrer de cancro. Mas há uma base, para muitos desconhecida, nesta ligação familiar: a síndrome de Lynch.
Falamos de uma condição rara que passa de geração em geração e que serve de trampolim para três tipos de cancro muito específicos, aumentando consideravelmente (em cerca de 80%) o risco de uma pessoa sofrer de cancro do cólon e do reto. O cancro endométrio e ainda cancro do útero são outros tipos de tumores que andam à boleia desta doença. As pessoas sem esta patologia hereditária correm apenas um risco de 2% de ter estes tipos de cancro.
“[É uma doença] hereditária no sentido de que a pessoa nasce com alterações nos chamados genes reparados do ADN, o que leva ao desenvolvimento de tumores”, explica à BBC o médico Francesc Balaguer. Estima-se que esta síndrome – que afeta os genes MLH1 e MSH2 - seja responsável por 2 a 3% dos casos de cancro do cólon.
No caso do cancro do cólon e do reto - que é diagnosticado, em médica, a partir dos 40 anos -, o aparecimento da doença em jovens é já um motivo de suspeita. “Se um cancro do cólon é descoberto em alguém mais jovem do que o costume, devemos sempre suspeitar que esse mal [a síndrome de Lynch] pode estar por trás”, alerta o médico.
Quando os tumores no cólon e do reto ‘assombram’ uma família, os exames de diagnóstico desta síndrome são fundamentais, devendo a pessoa portadora da doença fazer colonoscopias a cada dois anos ou até mesmo submeter-se à remoção do útero e dos ovários para evitar o aparecimento futuro de tumores. O diagnóstico atempado da síndrome de Lynch permite ainda atuar de forma direta na ‘morte’ das bactérias associadas ao cancro do estômago.
De acordo com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, os sinais de alerta do cancro do cólon e do reto são os seguintes:
Idade: “A probabilidade de ter cancro colo-retal aumenta com o da idade. Mais de 90% dos diagnósticos desta doença, são efetuados em pessoas com mais de 50 anos. A idade média do diagnóstico é 65 anos”.
Pólipos colo-retais: “Os pólipos são saliências do tecido da parede do cólon ou do reto. São comuns em pessoas com mais de 50 anos. A maioria dos pólipos é benigna (não cancerígena), mas alguns pólipos podem tornar-se cancerígenos (adenomas). Detetar e remover os pólipos, pode reduzir o risco de cancro colo-retal”.
História familiar de cancro colo-retal: “Os familiares próximos (pais, irmãos ou filhos) de uma pessoa com história de cancro colo-retal, têm maior probabilidade de desenvolver a doença, especialmente se o familiar teve a doença ainda jovem. Se muitos familiares tiverem história de cancro colo-retal, então o risco ainda é maior”.
Alterações genéticas: “Se houver alterações em determinados genes, aumenta o risco de cancro colo-retal”.
História pessoal de cancro colo-retal: “Uma pessoa que já teve cancro colo-retal, pode voltar a desenvolver o mesmo tipo de cancro. Mulheres que tenham história de cancro dos ovários, do útero (endométrio) ou da mama, também apresentam, de alguma forma, risco aumentado de desenvolver cancro colo-retal”.
Doença de Crohn ou colite ulcerosa: “Uma pessoa que teve, durante muitos anos, uma doença que provoca inflamação do cólon, como a colite ulcerosa ou doença de Crohn , tem risco aumentado de desenvolver cancro colo-retal”.
Dieta: “alguns estudos sugerem que uma dieta rica em gorduras, especialmente gordura animal, e pobre em cálcio, folatos e fibras, pode aumentar o risco de cancro colo-retal. Sugerem, ainda, que pessoas com uma dieta muito pobre em fruta e vegetais, podem ter risco aumentado de cancro colo-retal. É necessário continuar a investigar de que forma a dieta afeta o risco de cancro colo-retal”.
Fumar cigarros: “Uma pessoa que fume cigarros, pode ter risco aumentado de desenvolver pólipos e cancro colo-retal”.
Saiba mais sobre este tipo de cancro (e sobre outros) aqui.