Para desagrado global, Trump rasga acordo que diz ser "podre". E agora?

Donald Trump anunciou o abandono dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irão. As reações não tardaram. Houve quem o criticasse, quem apenas lamentasse e poucos o apoiaram.

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Fábio Nunes
09/05/2018 08:30 ‧ 09/05/2018 por Fábio Nunes

Mundo

Estados Unidos

Já se sabia a opinião de Donald Trump sobre o acordo nuclear negociado pela administração Obama em 2015. Por isso, o anúncio de que os Estados Unidos abandonam este acordo não foi uma grande surpresa.

Numa conferência de imprensa, ainda assim, bastante antecipada face ao peso e às consequências da decisão do presidente norte-americano, Trump considerou que o acordo era “decadente e podre”. Deixou críticas à anterior administração de Obama, ao referir que “nunca deveria ter sido assinado” e apresentou como uma das suas justificações para retirar os Estados Unidos deste acordo o receio de que pudesse levar a uma “corrida às armas nucleares no Médio Oriente”.

Destacou que Washington não vai ser feito “refém de chantagem nuclear” e não perdeu tempo a anunciar que vai avançar com “poderosas sanções” ao regime iraniano.

A terminar a conferência de imprensa, e depois das ameaças a Teerão, abriu a porta a futuras negociações de um novo acordo.

Trump voltou assim a rasgar um acordo, mais um firmado durante a presidência de Obama, depois de ter feito o mesmo com o Acordo de Paris, que visava combater as alterações climáticas. Face ao peso que o acordo nuclear iraniano tem na geopolítica internacional, mas principalmente como garante da estabilidade no Médio Oriente, as reações não tardaram e voltaram a ser bastante negativas para os Estados Unidos.

Desde logo da parte do Irão. Hassan Rouhani, o presidente da República Islâmica, afirmou que o país vai manter o seu compromisso com o acordo assinado mesmo sem os Estados Unidos. Mas embora tenha centrado o seu discurso na ideia da manutenção do acordo, deixou no ar a ameaça. Caso as negociações falhem, o Irão vai enriquecer urânio “mais do que antes”.

Entretanto, como manifestação de repúdido, deputados iranianos incendiaram simbolicamente uma bandeira de papel dos EUA, no parlamento, gritando: "Morte à América!".

Da parte da Europa, num comunicado conjunto, Emmanuel Macron, Angela Merkel e Theresa May lamentaram a decisão de Trump e reafirmaram os seus esforços para manterem o compromisso assinado em 2015.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros francês, britânico e alemão vão encontrar-se com representantes de Teerão, na próxima segunda-feira, para arranjarem forma de preservar o acordo nuclear iraniano

A Rússia foi menos cordial e admitiu estar “profundamente desapontada” com a decisão de Trump e falou ainda na "incapacidade" de Washington para negociar

A União Europeia considera o acordo nuclear "essencial" para a segurança mundial e, através de Federica Mogherini, fez um apelo. "Não deixem ninguém desmantelar este acordo".

Já o Governo português e Marcelo Rebelo de Sousa lamentaram a decisão norte-americana e esperam que os restantes países que assinaram o acordo mantenham a sua posição.

Uma ideia partilhada por António Guterres, secretário-geral da ONU, que se mostra "profundamente preocupado" com o abandono do acordo nuclear por parte dos Estados Unidos

Barack Obama foi outra das vozes críticas depois do anúncio de Trump. Ao ver mais uma das suas conquistas ser revertida por Trump, o antigo presidente considerou esta decisão um "erro grave" e teme a perda de "credibilidade global" dos EUA.

Israel e a Arábia Saudita, aliados de longa data de Washington, foram dos poucos países a congratularem-se pela decisão anunciada por Donald Trump.

O que parece certo é que a tensão só deverá aumentar ainda mais no Médio Oriente nos próximos tempos. Coincidência ou não, na noite desta terça-feira Damasco foi alvo de ataques de mísseis "provavelmente israelitas", de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Nove combatentes pró-regime morreram.

Israel não confirmou o ataque, mas o exército israelita tinha anunciado anteriormente estar em "alerta máximo" depois de ter detetado a presença de forças iranianas na Síria e de recear um ataque na zona dos montes Golã. 

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