Num comunicado conjunto, a HRW e a Trial denunciam os factos registados em julho de 2005 e perpetrados por uma unidade paramilitar controlada pelo então Presidente gambiano, atualmente refugiado na Guiné Equatorial, e pedem a extradição de Jammeh para o Gana para ser julgado.
As duas organizações baseiam as acusações em entrevistas a mais de três dezenas de funcionários gambianos, 11 deles diretamente implicados no incidente, e a um sobrevivente, no quadro de uma investigação do caso.
Os imigrantes -- 44 ganeses e vários nigerianos, senegaleses, costa-marfinenses e togoleses -- foram detidos numa praia de Banjul, a capital, quando tentavam chegar à Europa.
Os detidos, em número superior a meia centena, foram considerados suspeitos de serem mercenários, que tinham por missão derrubar o regime de Jammeh, que chegou ao poder através de um golpe de Estado em 1994 e que foi derrotado nas eleições presidenciais de dezembro de 2016, tendo, depois de recusar inicialmente os resultados, acabado por os reconhecer.
Como resultado da forte pressão interna e internacional, Jammeh foi forçado a partir para o exílio, fixando-se na Guiné Equatorial.
"Os imigrantes da África Ocidental não foram assassinados por pessoas de forma isolada, mas sim por um esquadrão da morte paramilitar que recebia ordens diretamente do Presidente Jammeh", afirmou, no comunicado, o assessor legal da HRW, Reed Brody.
"Os subordinados de Jammeh destruíram então as provas-chave para impedir os investigadores internacionais de conhecer a verdade", acrescentou.
Um relatório da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e das Nações Unidas concluiu em 2009 que as mortes e desaparecimentos foram realizados por membros corruptos das forças de segurança gambianas, embora sem provas credíveis de que receberiam ordens superiores, realça-se no comunicado conjunto da HRW e da Trial
"As novas provas, porém, deixam claro que esses responsáveis foram os 'Junglers' [a unidade paramilitar de Jammeh]", lê-se no comunicado das duas organizações não governamentais de defesa e promoção dos Direitos Humanos.
A HRW e a Trial, bem como várias organizações de direitos humanos do Gana, pediram ao novo Governo gambiano, liderado pelo Presidente Adama Barrow, que investigue as novas provas, de forma que o processo permita extraditar Jammeh para Acra, onde, defendem, deve ser julgado.