O Brasil assiste a uma escalada progressiva do preço dos combustíveis e dos alimentos por causa da greve dos camionistas, que vai já no quarto dia e sem sinais de cedência de alguma das partes.
A Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) indica esta quinta-feira que os bloqueios das estradas em mais de 20 Estados e no Distrito Federal (Brasília) estão a afetar gravemente o transporte e a distribuição de alimentos e combustíveis, levando à especulação de preços.
O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência no estado do Rio de Janeiro (Sindestado-RJ) adiantou, esta quinta-feira, que entre 80% a 90% dos postos de combustíveis do estado do Rio estão sem combustível. De acordo com o G1, há postos onde a pouca gasolina que existe está a ser vendida a preços agressivos, de cerca de 10 reais (2,33 euros) o litro, um valor quatro vezes superior ao normalmente praticado.
As consequências da paralisação, porém, não se resumem aos combustíveis. Dado que no Brasil a movimentação de bens alimentares entre Estados é feita com recurso ao transporte rodoviário, o abastecimento de alimentos está também a ser seriamente afetado, aumentando, por conseguinte, os preços.
Segundo reporta a imprensa brasileira, que cita comerciantes locais, os alimentos perecíveis são os casos mais graves, tendo começado a escassear já na quarta-feira, terceiro dia da greve. O presidente da Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa do Rio adiantou que o saco de 50 quilos de batata, vendido normalmente a 50 reais (11 euros), já foi vendido a 500 reais (116 euros).
A produção de leite é outro setor a ser fortemente prejudicado: milhões de litros estão a ser deitados fora porque, com a falta de transporte, passam de validade.
A Fundação Procon (órgão público de defesa do consumidor) de São Paulo disse, através de comunicado, que os novos preços adotados por alguns estabelecimentos devido á falta de abastecimento constitui “uma prática abusiva”, como determina o Código de Defesa do Consumidor.
José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam, fez saber, esta quinta-feira, que a greve só será suspensa se o Senado brasileiro aprovar, ainda hoje, o projeto de lei para reduzir o preço do diesel até ao final do ano. E mesmo que seja aprovado hoje, cita o Globo, a paralisação só cessa depois da medida ter recebido aprovação presidencial e ter sido publicado no Diário Oficial da União.