"Não há centro nenhum no mundo igual a este" afirmou o presidente da Anima - Sociedade Protetora dos Animais de Macau, Albano Martins após a assinatura, hoje, do acordo com a Companhia de Corridas de Galgos Macau (Yat Yuen), responsável pelo canídromo, que assegurou a construção de Centro Internacional de Realojamento de galgos.
"Os 533 animais cabem todos no primeiro piso e aquilo tem três pisos", disse Albano Martins, explicando de seguida que "o centro é para continuar para toda a vida".
"Vamos resgatar galgos da China, do mercado da carne e os galgos em situação difícil. Vamos apoiar todas as associações" garantiu o responsável da Anima.
Angela Leong, administradora da Yat Yuen, que pertence à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, chamou a si a responsabilidade dos galgos: "nós somos responsáveis pelos cuidados dos galgos até ao fim da vida deles (...) todas as despesas serão da nossa responsabilidade", prometeu, após a assinatura do acordo com a Anima.
A Yat Yuen quer alugar uma área coberta, bem como uma zona aberta e ao ar livre, de acordo com o comunicado conjunto entre a Anima e a empresa responsável pelo canídromo.
A Anima vai ser responsável pela gestão do espaço nos dois primeiros anos.
A renda mensal deste espaço, que será assegurada pela Yat Yuen, de acordo com Albano Martins, terá um custo mensal de 800 mil dólares de Hong Kong (87 mil euros).
"O orçamento não inclui os custos dos arrendamentos e a gestão", afirmou Albano Martins.
Falta agora a aprovação do Governo do território, mas ambas as partes estão confiantes que vai ser aceite.
A Yat Yuen comprometeu-se ainda a financiar o procedimento de esterilizarão dos 533 galgos, para futura adoção.
"Ao longo destes anos, estivemos de costas voltadas, mas o passado é passado e agora vamos para o futuro", disse Albano Martins, referindo-se à empresa responsável pela corrida dos galgos.
"O passado já passou, agora temos de pensar no futuro destes 533 galgos", ripostou Angela Leong.
A previsão para a abertura do Centro Internacional de Realojamento de galgos é de 60 dias. Até lá os galgos ficam no canídromo.
Enquanto o espaço não é aberto, uma bolsa de 400 voluntários, coordenada por uma associação de defesa dos animais, está a providenciar cuidados a mais de meio milhar de galgos que foram abandonados no canídromo de Macau pela empresa que explorava aquele espaço.
"Temos 533 galgos, 300 são machos e os restantes são fêmeas e não estão esterilizados. Estão a ser bem cuidados neste momento. Alguns dos cães têm problemas de pele, alguns têm diarreia, mas estão a tomar medicação", explicou, na quinta-feira, à Lusa um dos elementos da associação que coordena os trabalhos, Zoe Tang, destacando a dificuldade logística que o processo de esterilização irá causar, com a necessária separação dos galgos no recobro das cirurgias.
Os pedidos de adoção chegaram já da Austrália, França, Taiwan, Hong Kong, Reino Unido e Estados Unidos.
Uma boa notícia, salientou Tang, mas que coloca um sério desafio quanto à capacidade de todas as associações envolvidas em garantir as viagens, por mar e por avião, para fora de Macau.
"Cada viagem para a Europa custa à volta de 30 mil patacas (três mil e duzentos euros) a não ser que haja uma grande campanha de donativos", a Anima terá muita dificuldade em conseguir transportar os animais para fora de Macau, disse no sábado, à Lusa, o presidente da associação, Albano Martins.
A campanha de angariação de fundos para realojar os animais está a ser organizada com a associação italiana Pet Levrieri e com a norte-americana Grey2k.
Em 2016, o Governo de Macau deu dois anos ao canídromo da cidade para mudar de localização e melhorar as condições dos cães usados nas corridas ou para encerrar a pista, cujas receitas se encontram em queda há vários anos.
A 12 de julho, o IACM já tinha exigido à Companhia de Corridas de Galgos a entrega imediata de um plano concreto para realojamento dos galgos, depois de a Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos ter recusado prolongar o contrato de exploração do canídromo, a operar há mais de 50 anos no território.