O mundo recorda um dos momentos mais admiráveis de John McCain

Em plena campanha eleitoral, John McCain defendeu o seu oponente, Barack Obama, contra insinuações racistas.

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Anabela de Sousa Dantas
27/08/2018 08:52 ‧ 27/08/2018 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo

Senador

Na sequência da notícia da morte de John McCain, os tributos ao senador do Arizona sucederam-se, recordando não só a sua carreira como político mas também a sua integridade como pessoa. O republicano é recordado como um "político corajoso", sem medo de criticar um ato de intolerância ou de apontar uma injustiça, mesmo que em conflito com o seu próprio partido.

Em 2014, por exemplo, McCain defendeu, em oposição a todos os seus colegas republicanos, a divulgação do relatório da CIA sobre o uso de tortura depois do 11 de Setembro, pedindo clareza sobre um tema que muito lhe dizia respeito. O senador, recorde-se, foi um piloto feito prisioneiro de guerra durante a guerra do Vietname, onde foi torturado.

Um dos momentos mais lembrados pelos admiradores do antigo candidato à Casa Branca aconteceu, porém, durante a campanha às eleições presidenciais de 2008, que opôs McCain ao democrata Barack Obama.

McCain acabaria por perder as eleições e dirigir a Barack Obama um discurso de concessão que manifestava admiração pelo seu oponente, mas durante a campanha o tom nem sempre foi amigável. No entanto, num comício no Arizona, McCain defendeu Barack Obama quando um participante do evento lhe disse que tinha "medo" do candidato democrata. 

"É uma pessoa decente e uma pessoa que não deve temer como presidente dos Estados Unidos", disse, recebendo alguns apupos da plateia. Depois, fez o mesmo quando uma mulher lhe disse que não confiava no candidato democrata, que dizia ser "um árabe".

“Não, minha senhora. É um homem de família e um cidadão decente, com o qual discordo em temas fundamentais e é sobre isso que esta campanha acontece”, afirmou, cortando de imediato a voz à mulher e granjeando de alguns aplausos da plateia republicana, conforme pode ver no mesmo vídeo acima.

O vídeo deste momento é agora recordado como um dos atos que vão "moldar o legado" do senador, conforme escreve o  The Guardian.

Não foi a primeira vez que McCain defendeu Obama num comício, durante aquela campanha presidencial onde circulavam várias teorias sobre a cidadania de Barack Obama, baseadas fundamentalmente no preconceito e no racismo e aproveitadas por outros oponentes republicanos (como, mais tarde, Donald Trump).

O senador do Arizona, recorde-se, morreu no sábado, poucos dias antes de fazer 82 anos, no seu rancho em Sedona, após 13 meses de luta contra um cancro no cérebro.

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