A um jornalista que questionou o papa sobre o que diria aos pais de crianças com orientações homossexuais, o pontífice respondeu que há "muitas coisas a fazer pela psiquiatria, para ver como são as coisas".
O papa falava no avião que o transportou no regresso de Dublin a Roma.
"Condenamos esta proposta que recupera a ideia de que a homossexualidade é uma doença. Ora, se há uma doença é esta homofobia enraizada na sociedade que persegue as pessoas LGBT", reagiu Clémence Zamora-Cruz, porta-voz da Inter-LGBT, citado pela AFP.
Estas palavras são "chocantes" porque "afetam as crianças", acrescentou, frisando que os estudos demonstram que o risco de suicídio "é mais elevado do que a média entre os jovens LGBT".
"Graves e irresponsáveis", estas propostas "incitam ao ódio contra as pessoas LGBT nas nossas sociedades, já marcadas por níveis elevados de homofobia e de transfobia", disse, por seu lado, a SOS Homophobie via Twitter.
Nous condamnons fermement les propos du Pape sur l’homosexualité. Ils incitent à la haine des personnes #LGBT dans nos sociétés déjà marquées par des niveaux élevés d’#homophobie et de #transphobie. Ces propos sont graves et irresponsables. https://t.co/1haB1P9YMa
— SOS homophobie (@SOShomophobie) August 27, 2018
"Adoraria que o papa não usasse mais os homossexuais para deixar de falar dos padres pedófilos", comentou, pela sua parte a presidente da GayLib, Catherine Michaud.
No domingo, durante uma missa gigante em Dublin, o papa Francisco dirigiu uma longa lista de "perdões" às vítimas de abusos cometidos pelo clero e instituições religiosas na Irlanda, e viu-se durante acusado de ter encoberto um prelado suspeito de abuso.
Em 2013, o papa deu início a uma abertura inédita relativamente às pessoas homossexuais, com a célebre frase "quem sou eu para julgar?", sem, no entanto, pôr em causa a doutrina da igreja que qualifica a homossexualidade como um "distúrbio".
A homossexualidade já não figura na lista de doenças mentais da Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1990.