Manifestantes independentistas estão a bloquear as principais estradas, linhas de comboio e avenidas da Catalunha, no dia em que se assinala um ano do referendo considerado ilegal por Madrid e que terminou com uma violenta carga policial.
Os comités para a defesa da república, grupos que surgiram após o referendo de 1 de outubro de 2017, convocaram os protestos. Em Girona, no norte de Barcelona, centenas de ativistas ocuparam as linhas e comboio, enquanto a polícia regional tentava impedir os manifestantes de se concentrarem no local. Outras manifestações e atos públicos estão marcados para o resto do dia.
Enquanto decorrem os protestos, políticos independentistas discursam em Sant Julià de Ramis. Roger Torrent, presidente da parlamento catalão, referiu que o “1 de outubro (1-O) representa um ato de dignidade coletiva brutal”. “Nada será igual depois do 1-O. Tudo o que fizemos naquele dia ensina-nos o caminho que temos de percorrer”, rematou.
Já o presidente da Generalitat (governo catalão), Quim Torra, referiu que o 1-O foi “o momento em que nós, catalães, decidimos coletivamente”. “A lição do 1-O e dos seus valores são o que necessitamos para enfrentar as semanas e meses que se seguem”, disse Torra.
Quim Torra (à esquerda) e Roger Torrent (à direita) discursam num evento público para assinalar o 1-O© Reuters
As manifestações do 1-O começaram no domingo e levaram a confrontos entre polícias e independentistas. Mais de duas dezenas de pessoas ficaram feridas. Os manifestantes, para além da reivindicação de independência para a Catalunha, pedem a libertação dos presos políticos, detidos precisamente por organizarem o referendo considerado ilegal pela justiça espanhola.
A 1 de outubro de 2017, recorde-se, o governo liderado na altura por Carles Puigdemont organizou e realizou um referendo, no qual 92% dos 43% de catalães que participaram na consulta pública votou pela independência da região. O referendo ficou marcado pela violência policial, que tentou impedir a consulta pública.
Um ano depois, muita coisa mudou na região. O governo de Mariano Rajoy aplicou o artigo 155 da constituição espanhola, que limitou a autonomia da região, precipitando novas eleições. Os independentistas, após vários meses de impasse, conseguiram formar governo, fruto da maioria parlamentar que ainda detêm.