No Afeganistão, intermediário vende crianças como esposas a dois euros

Reportagem do El Mundo revela negócio "comum" no Afeganistão em que crianças são vendidas como esposas a homens que as procurem. Denúncias de organizações não têm impedido violações sistemáticas dos direitos humanos, em particular de mulheres e crianças, naquele país.

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Notícias Ao Minuto
08/10/2018 20:32 ‧ 08/10/2018 por Notícias Ao Minuto

Mundo

Cabul

Em Cabul, no Afeganistão, qualquer homem com dinheiro no bolso pode encontrar e comprar uma esposa para si ou para os seus familiares. Porque na capital afegã tudo tem um preço, inclusive as crianças.

Quem o escreve é o jornal espanhol El Mundo. Depois de várias semanas a estabelecer contacto com Akbar, um “intermediário para homens que procuram boas esposas”, como o próprio se define, o jornalista Amador Guallar, que assina a reportagem, desvenda pormenores sobre o tráfico de crianças naquele país asiático.

Após conversações com Akbar, o jornalista marcou um encontro. O objetivo era discutir os termos da compra de uma esposa “jovem, mas suficientemente madura para ser prolífica”.

Este traficante aproveita o desespero de famílias pobres e negoceia a venda de crianças a homens com dinheiro, um negócio “normal” naquele país.

Esta é a minha cultura, não faço nada que não tenha sido feito durante centenas ou até mesmo milhares de anos. Mesmo antes do profeta, Deus o tenha em sua glória. A mulher deve formar uma família, e eu ajudo-as a encontrar um marido”. É desta forma que Akbar explica o seu “trabalho”. “Não sequestro as meninas, não obrigo ninguém a dar-me as filhas. O que faço é pôr em contacto as famílias que decidiram casá-las com homens que necessitam de uma mulher”.

Neste negócio, Akbar conta que divide as jovens de acordo com a idade, a origem e as habilitações. Depois, estabelece um preço. O preço de uma mulher “satisfatória” é de cerca de 150 afeganis (cerca de dois euros), para além dos dez mil afeganis (cerca de 120 euros) que o traficante ganha pela intermediação.

Várias organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado a violação sistemática do direito das mulheres e das crianças no Afeganistão, um país em que o fundamentalismo religioso assume um papel central na vida dos seus cidadãos.

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