Caso de jovem que fugiu levanta debate sobre condição da mulher

O caso da jovem saudita Rahaf Mohammed Al-Qunun, que fugiu da família e está sob proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, levantou novamente o debate sobre a condição vivida pelas mulheres na Arábia Saudita.

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Lusa
09/01/2019 14:20 ‧ 09/01/2019 por Lusa

Mundo

Arábia Saudita

A saudita Rahaf Mohammed Al-Qunun tinha previsto viajar para a Austrália - onde pretendia pedir asilo depois de receber ameaças de morte da sua família por ter rejeitado um casamento arranjado e também a religião islâmica-, mas foi detida pelas autoridades tailandesas durante uma escala em Banguecoque no fim de semana passado.

A jovem, de 18 anos, está agora sob a proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em Banguecoque, e espera conseguir asilo na Austrália.

Muitos sauditas condenaram a jovem Rahaf Mohammed al-Qunun, pois teria desonrado a sua família, enquanto outros expressaram a sua solidariedade à jovem.

"As reformas sociais na Arábia Saudita são reais e melhorarão o quotidiano das mulheres", disse Bessma Momani, professor da Universidade de Waterloo (Canadá).

"Entretanto, o sistema de tutela (todas as mulheres têm um guardião masculino) continua a ser repressivo e dificulta os direitos e a mobilidade das mulheres", avaliou o académico.

A autonomia das mulheres poderá ajudar a transformar a sociedade saudita, dizem alguns especialistas.

Algumas autoridades sauditas dizem que estão a tentar desmantelar o sistema de tutela gradualmente, para evitar uma reação violenta de clérigos conservadores.

"É difícil para o príncipe herdeiro desmantelar completamente as leis sobre a tutela por causa de conservadores religiosos que têm um interesse político direto para permanecer influente numa Arábia Saudita em plena mutação", Bessma Momani.

"Dito isto, a pressão social sobre jovens como Rahaf, que acham reformas particularmente lentas (...), poderá ser um desafio político mais importante do que os colocados pelos conservadores religiosos", indicou o académico.

Histórias improváveis continuam a surgir, como as de mulheres presas que continuam na prisão depois de cumprir as suas sentenças porque não foram 'reivindicadas' por seus guardiões.

Uma mulher saudita disse à agência noticiosa francesa AFP que não conseguiu renovar o seu passaporte quando o seu pai -- o seu único guardião do sexo masculino - entrou em coma.

O reino ultraconservador da Arábia Saudita, governado por uma versão rigorosa do Islão, está envolvido num programa de reformas económicas e sociais, iniciado pelo jovem e controverso príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

A mais conhecida dessas reformas, muito festejada no país, foi o levantamento em junho passado da proibição das mulheres sauditas conduzirem automóveis. As mulheres agora também podem assistir a partidas de futebol ao lado de homens e ter certos empregos que eram reservados para homens.

Alguns especialistas acreditam que essas reformas foram ditadas pela queda do preço do petróleo e pela necessidade de o reino diversificar a sua economia.

Nos últimos meses, os meios de comunicação locais têm comemorado muito estas mudanças em relação às mulheres.

Entretanto, os críticos dizem que são apenas reformas superficiais, já que se mantém o sistema de tutela masculina sobre as mulheres.

 

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