"É absolutamente apropriado que Assange enfrente a justiça de forma adequada no Reino Unido. Cabe aos tribunais decidir o que acontece a seguir. Estamos muito gratos ao Governo do Equador, sob o Presidente Moreno, pela ação que eles tomaram", disse o secretário de Estado para a Europa e Américas, Alan Duncan, num comunicado.
Duncan disse que a detenção de Assange esta manhã pela polícia britânica no interior da embaixada do Equador em Londres, onde se encontrava há sete anos, foi o resultado de "um extenso diálogo entre os dois países".
Num comunicado, a polícia indicou que executou um mandado de detenção emitido em 2012 após o Equador ter retirado o direito de asilo ao australiano de 47 anos.
Indicou ainda que está atualmente detido numa esquadra da polícia em Londres e que deverá ser presente a um tribunal de primeira instância "o mais depressa possível"
Assange refugiou-se na embaixada equatoriana na capital britânica em 2012 para evitar a sua extradição para a Suécia, que solicitou que o australiano se entregasse por supostos crimes sexuais.
O processo na Suécia entretanto prescreveu, mas Assange continua sujeito a um mandado de detenção e é acusado de ter desrespeitado as medidas de coação que lhe tinham sido aplicadas.
O fundador do WikiLeaks recusou entregar-se às autoridades britânicas por receio de ser extraditado para os EUA, onde poderia enfrentar acusações de espionagem puníveis com prisão perpétua.
Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 90.000 documentos confidenciais relacionados com ações militares dos EUA no Afeganistão e cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque.
Naquele mesmo ano foram tornados públicos cerca de 250.000 telegramas diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que embaraçou Washington.
Na semana passada, o ministério das Relações Exteriores do Equador desmentiu os rumores de que pretendia pôr fim ao asilo diplomático dado a Assange, embora tenha manifestado insatisfação com a situação.
A concessão de asilo diplomático, vincou, "é um poder soberano do Equador, que, portanto, tem o direito de conceder ou terminar quando considerado justificado e sem consultar terceiros".
"Ao emitir informação que distorce a verdade, o asilado e os seus parceiros, mais uma vez expressam ingratidão e desrespeito para com o Equador, em vez de se mostrar agradecido para com o país que já recebeu há quase sete anos", acrescenta-se na nota.
Na origem do desagrado estava a denúncia pelo portal WikiLeaks de que Assange seria expulso da embaixada dentro de "horas ou dias", dando conta de um alegado acordo com o Reino Unido para que se procedesse à sua detenção.
Além de "despesas significativas para pagar a sua estadia na embaixada", o que implicou a adaptação de algumas das divisões do apartamento para alojar Assange, as autoridades equatorianas atribuíram também a nacionalidade equatoriana ao australiano.