A reunião de alto nível tem lugar na sequência de uma missão política de dois dias à Venezuela, na qual Portugal está representado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro.
A chegada dos representantes do GCI ao palácio presidencial foi transmitida em direto pelo canal estatal Venezuelana de Televisão (VTV), tendo sido possível ver o momento em que, além de José Luís Carneiro, representantes da Alemanha, Espanha, França, Itália e dos Países Baixos cumprimentavam o chefe de Estado.
A embaixadora da União Europeia em Caracas, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, e o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, também estiveram presentes.
Segundo a VTV, o encontro "demonstra a disposição ao diálogo que mantém" o Governo do Presidente Nicolás Maduro.
"O respeito pelo direito internacional, a não ingerência [nos assuntos internos do país], as conversações e o diálogo, a paz, e o fim das sanções [internacionais], agressões, e do bloqueio económico imposto pelo Governo dos Estados Unidos", são alguns dos pontos da agenda propostos pelo Governo venezuelano.
Através da rede social Twitter, o próprio Nicolás Maduro anunciou que a reunião tinha como propósito "informar sobre as consequências do bloqueio e das sanções impostas pelo império dos Estados Unidos contra a Venezuela".
Entretanto o presidente do parlamento venezuelano, Juan Guaidó, que a 23 de janeiro jurou assumir as funções de Presidente interino da Venezuela, anunciou que tinha previsto reunir-se com o GCI.
A reunião do GCI tem lugar depois de a Assembleia Constituinte (composta unicamente por simpatizantes do regime) levantar a imunidade parlamentar de vários deputados da oposição, entre eles o vice-presidente do parlamento, Edgar Zambrano, cujo paradeiro é desconhecido, depois de ter sido detido, a 08 de maio por funcionários dos serviços secretos.
O envio desta missão política a Caracas saiu da reunião que o GCI efetuou na semana passada na capital costa-riquenha, São José.
Dessa reunião saíram três decisões: estabelecer a título permanente, em Caracas, um grupo de apoio à ação humanitária, agendar reuniões com o Grupo de Lima e com a Comunidade dos Países do Caribe (que ainda estão a ser marcadas), e enviar uma missão política à Venezuela.
O GCI enviou entre janeiro e maio cinco delegações de nível técnico e diplomático e decidiu promover uma missão de âmbito político, tendo em conta a degradação da situação social e política na Venezuela.
A missão que chegou quinta-feira a Caracas é composta por secretários de Estado e tem como "objetivo fundamental apresentar a todas as partes da Venezuela o trabalho feito pelo Serviço Europeu de Ação Externa", como declarou à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva.
Trata-se de um trabalho que Santos Silva classificou como "muito interessante e muito útil, porque mostra, em relação a cada ponto-chave do que deve ser um processo eleitoral conducente a novas eleições presidenciais na Venezuela, quais são as alternativas possíveis e quais são os pontos de compromisso possíveis".
O GCI integra, além de Portugal, sete outros países europeus (Espanha, Itália, Reino Unido, Holanda, Alemanha, França e Suécia), a União Europeia (UE) e quatro países latino-americanos (Costa Rica, Equador, Uruguai e Bolívia).
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó jurou assumir as funções de Presidente interino e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.
Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio de mais de 50 países, incluindo os EUA e a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, que o reconheceram como presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Na madrugada de 30 de abril, um grupo de militares manifestou apoio a Juan Guaidó, que pediu à população para sair à rua e exigir uma mudança de regime, mas não houve desenvolvimentos na situação até ao momento.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, denunciou as iniciativas do presidente do Parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderado pelos Estados Unidos.
À crise política na Venezuela soma-se uma grave crise económica e social, que já levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, de acordo com dados das Nações Unidas.