Os sorrisos e as celebrações surgiram logo depois de conhecidos os primeiros resultados que deram ao partido de Ska Keller uma subida de mais de 10% em relação às últimas europeias. O sucesso, que coincide com a onda de protestos pelo clima na Alemanha, foi a grande surpresa.
Os Verdes nunca tinham conseguido um resultado tão alto num escrutínio ao nível nacional, nem próximo. Nas europeias de há dez anos chegaram aos 12%. Agora transformam-se na força de esquerda mais votada do país.
A vitória dos Verdes veio acompanhada de pouca esperança para os dois partidos que formam o governo alemão, a chamada "GroKo" (grande coligação).
Para o Partido Social Democrata (SPD) é um dia de perdas pesadas, tornando-se o maior derrotado destas eleições europeias na Alemanha.
O SPD deixa de ser o segundo partido mais votado, cedendo o lugar aos Verdes, e cai pela primeira vez, desde a sua fundação, para resultados abaixo dos 20% numas eleições livres estaduais ou federais.
A "catástrofe" ou "desgraça", como já vários analistas lhe chamam, não fica por aqui. O partido de Andrea Nahles perdeu igualmente as eleições de Bremen, o Estado federado mais pequeno da Alemanha, governado pelos social-democratas há mais de 70 anos.
Também aqui, os Verdes tiveram "voto na matéria", arrecadando mais de 18% dos resultados.
O futuro da líder do SPD, que substitui Martin Schulz e apoiou a entrada do partido de centro esquerda numa grande coligação com a CDU de Angela Merkel, pode agora estar em risco.
Também Annegret Kramp-Karrenbauer parece ter chumbado o primeiro grande teste desde que assumiu a liderança da CDU. A favorita de Angela Merkel, que não contou com a presença da chanceler na campanha para estas europeias, viu, mais uma vez, o partido a perder votos e a ficar abaixo dos 30%, uma marca que os conservadores se propuseram a nunca atravessar.
Nos próximos tempos devem esperar-se mexidas nos dois partidos do centro, numa tentativa de melhorar os resultados numa nova leva de eleições regionais depois de setembro.
Já a extrema-direita, que originou, nas últimas semanas, uma forte contestação, com vários protestos pró-europeus, conseguiu superar os resultados das últimas europeias de 2014, mas desceu, em relação às legislativas de 2017, altura em que chegou aos 13%.
As sondagens davam à Alternativa para a Alemanha (AfD) 12%, mas não chegaram aos 11%, um valor que acabou por surpreender o cabeça de lista às europeias, Jörg Meuthen.
Cerca de 61 milhões de alemães escolheram 96 lugares no Parlamento Europeu.