Líderes chinês e norte-coreano reúnem-se em período de disputas

Os líderes da China e da Coreia do Norte reuniram-se hoje, em Pyongyang, numa altura em que os dois países, aliados tradicionais, enfrentam um impasse nas negociações com Washington, em torno do comércio e desnuclearização, respetivamente.

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Lusa
20/06/2019 11:35 ‧ 20/06/2019 por Lusa

Mundo

Pyongyang

O Presidente chinês, Xi Jinping, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, reuniram-se, em Pyongyang, informou a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, sem avançar mais detalhes.

Antes, Xi Jinping e a sua mulher, Peng Liyuan, e altos quadros do regime chinês, foram recebidos com uma cerimónia de boas vindas no aeroporto de Pyongyang, com guarda de honra, salvas de canhão e os hinos nacionais de cada um dos dois países tocados por uma banda militar, segundo imagens difundidas pela televisão estatal chinesa CCTV.

Cerca de 10 mil pessoas, agitando flores e entoando frases de boas-vindas, receberam Xi, detalha a Xinhua.

Kim e a mulher, Ri Sol-ju, foram ao aeroporto receber a delegação visitante.

Trata-se da primeira deslocação de um chefe de Estado chinês àquele país desde 2005, e surge numa altura em que ambos, Xi e Kim, travam lutas separadas com o Presidente norte-americano, Donald Trump, por motivos diferentes.

As negociações entre Washington e Pyongyang parecem ter chegado a um impasse depois de, em fevereiro passado, a cimeira entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Kim Jong-un, em Hanói, ter terminado sem um acordo.

Pyongyang propôs abdicar gradualmente do seu arsenal nuclear, à medida que as sanções económicas fossem levantadas, enquanto Washington quer um desarmamento completo.

Também as negociações entre Washington e Pequim, para pôr fim a uma guerra comercial que espoletou no verão passado, se encontram num impasse, após a administração Trump acusar os negociadores chineses de recuarem nos seus compromissos e aumentado as taxas alfandegárias sobre quase metade das importações oriundas da China.

Trump e Xi vão abordar as disputas comerciais, na próxima semana, durante o G20, no Japão.

Um comentário da Xinhua afirma que a China pode desempenhar um papel único e construtivo em romper o ciclo de desconfiança entre a Coreia do Norte e os EUA, para que possam elaborar um plano para a desnuclearização.

Os dois lados "devem ter expectativas razoáveis e absterem-se de impor exigências unilaterais e irreais", escreve a agência.

Uma faixa de boas-vindas colocada no aeroporto declara: "Vida longa com amizade e união inquebráveis, forjadas por sangue", descreve a Xinhua.

Imagens difundidas pela CCTV mostram milhares de pessoas a agitar as bandeiras dos dois países e flores, ao longo do caminho entre o aeroporto de Pyongyang e o centro da cidade.

A visita coincide com o 70º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e a Coreia do Norte e ocorre nas vésperas do 69.º aniversário do início da devastadora Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com a assinatura de um armistício que não foi ainda substituído por um tratado formal de paz.

Nos manuais escolares chineses, a Guerra da Coreia é designada "Guerra para Resistir à Agressão Imperialista Americana e Ajudar a Coreia".

A visita de Xi foi anunciada, na segunda-feira, pelo Departamento da Ligação Internacional do Comité Central do Partido Comunista da China, ao invés do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, como é costume nas deslocações do chefe de Estado chinês.

"A China e a Coreia do Norte vão enfatizar a sua amizade tradicional, forjada no sangue derramado", prevê Wang Li, professor de Relações Internacionais na Universidade de Jilin, província chinesa situada junto à fronteira com a Coreia do Norte, à agência Lusa.

"Isto é muito raro, mas necessário para os dois lados, numa altura em que os EUA são outra vez os rivais de Pequim e Pyongyang", aponta.

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