"Insto o Japão a retificar a medida e peço diálogo sincero entre os dois países", disse Moon após uma reunião de gabinete em Seul em que admitiu aplicar medidas similares caso não se verifiquem progressos no caso das compensações por trabalho escravo durante a ocupação japonesa que se prolongou entre 1910 e 1945.
Trata-se da primeira reação do chefe de Estado sul-coreano sobre as restrições impostas por Tóquio no passado dia 01 de julho, depois de várias instâncias judiciais, incluindo o Supremo Tribunal de Seul, ter determinado que as empresas japonesas devem pagar compensações aos cidadãos da Coreia do Sul, incluindo herdeiros, que foram escravizados pelo Japão.
As restrições podem afetar, nomeadamente, produtos como o flúor que as empresas sul-coreanas importam do Japão para fabrico de produtos básicos, assim como chips de memória e ecrãs de computador.
"A Coreia do Sul e o resto do mundo estão preocupados com a decisão política sobre eventuais restrições nas transações que aportam lucros ao setor privado", refere o documento emitido pelo gabinete presidencial.
O chefe de Estado sublinhou que o governo de Seul, que já formalizou uma queixa junto da Organização Mundial de Comércio (OMC), vai tentar alcançar "de forma calma" uma solução diplomática assim como vai apoiar as empresas sul-coreanas que podem vir a ser afetadas pelas medidas aplicadas por Tóquio.
"Caso se venham a verificar prejuízos às companhias coreanas, seremos forçados a adotar medidas necessárias. É algo que não quero fazer", frisa o presidente da Coreia do Sul.
As grandes empresas sul-coreanas como a Samsung Electronics ou SK Hynix já demonstraram apreensão sobre eventuais efeitos provocados pelas restrições japonesas sobre vários componentes industriais.
O presidente do grupo Samsung, Lee Jae-yong, que se encontra de visita ao Japão para contactos com empresários locais, considerou grave a situação e alertou sobre a possível falta de componentes necessários à indústria nos próximos dias.
O Japão que colonizou a península coreana entre 1910 e 1945 defende que as compensações às pessoas que foram escravizadas pelas empresas do Império nipónico ficaram solucionadas depois de ter sido alcançado o acordo de normalização entre os dois países assinado em 1965.
Na época, o tratado obrigou Tóquio a doar à Coreia do Sul 300 milhões de dólares, mas a ditadura militar sul-coreana de Park Chung-hee desviou os fundos que acabaram por não chegar às vítimas.
As fraudes relacionadas com as indemnizações são também alvo de processos judiciais na Coreia do Sul.