A afirmação de Evo Morales foi transmitida durante uma campanha eleitoral em que sindicatos e setores sociais associados ao seu Governo o proclamaram como candidato às eleições gerais de 20 de outubro na Bolívia.
Morales disse que é informado diariamente sobre "o que está a acontecer na Argentina" e "como é que o modelo neoliberal regressa" a um país.
"A Argentina retorna à direita, as políticas económicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) voltam, agora é assim. Temos familiares que estão a voltar massivamente", afirmou.
"Não quero que isso aconteça, o que está a acontecer na Argentina, essa é a nossa responsabilidade", acrescentou o presidente boliviano perante milhares de partidários do Movimento para o Socialismo (MAS).
Evo Morales referiu-se repetidamente ao caso da Argentina nos últimos meses para garantir aos seus seguidores e aos media que nos países da região onde o "neoliberalismo" voltou há problemas económicos.
Numa conferência de imprensa esta semana em La Paz, Morales considerou que o resultado das eleições primárias na Argentina, em que o peronista Alberto Fernández triunfou contra o atual governante, Mauricio Macri, é uma "rebelião" contra o FMI.
Nas eleições gerais na Bolívia, Morales aspira a um quarto mandato consecutivo até 2025, perante oito candidatos da oposição.
A sua candidatura é considerada ilegal pela oposição e movimentos de cidadãos, por violar o limite constitucional de dois mandatos consecutivos e devido ao resultado de um referendo de 2016 que rejeitou a reeleição.
No entanto, foi endossado para o corpo eleitoral em 2018 com base numa decisão do Tribunal Constitucional de 2017 que reconheceu o direito a uma eleição indefinida.
O Constitucional já tinha autorizado Morales para um terceiro mandato, ao entender que o primeiro não contava porque o país passou em 2009 a Estado Plurinacional da Bolívia.