Numa altura em que o governo italiano e Espanha já tinham acordado o envio de um navio militar para transportar os migrantes do navio Open Arms para Espanha, há um novo volte-face, com a justiça italiana a contrariar o governo italiano - isto num dia em que o primeiro-ministro italiano anunciou a sua demissão.
Conta a agência EFE que o procurador siciliano ordenou a apreensão imediata da embarcação que estava há 19 dias no mar, com migrantes em condições precárias. A apreensão implica também o desembarque imediato dos migrantes.
Recorde-se que o navio da ONG Open Arms se encontra ancorado desde a passada sexta-feira, a acerca de 800 metros da ilha italiana de Lampedusa.
Adianta o ABC que a decisão da justiça italiana foi tomada cerca de meia hora após a partida, de Espanha, do 'Audaz', o navio da Marinha espanhola que ia recolher os tripulantes e passageiros.
Foi no passado dia 1 de agosto que a tripulação do Open Arms resgatou 134 pessoas do mar Mediterrâneo ao largo da Líbia. Os dois países mais próximos, Itália e Malta, recusaram o acesso aos seus portos, sendo que em Itália tal se tornou mais uma 'bandeira' da política anti-migrantes do Matteo Salvini, ministro do Interior de Itália.
Após críticas internas e pressão internacional, a Itália aceitou receber 29 menores. A bordo navio, no entanto, continuaram mais de 90 migrantes. Espanha prontificou-se a ajudar considerando "inconcebível" a recusa de Itália em autorizar o desembarque. A alternativa espanhola, embora já em andamento, ia demorar ainda uns dias.
A decisão de apreender o navio e ordenar o desembarque imediato de migrantes foi tomada por Luigi Patronaggio, o procurador da cidade siciliana de Agrigento. Trata-se de um procurador que já antes irritou Salvini, que não gostou de ver a justiça italiana tomar uma decisão semelhante com uma embarcação Sea Watch.
Esta semana, imagens divulgadas pela tripulação do Open Arms denunciavam as difíceis condições a bordo, com o desespero de migrantes a contribuir para episódios de tensão vários.
Luigi Patronaggio justificou a apreensão com razões humanitárias, após ter visitado o navio Open Arms. “A situação no barco é explosiva, de máxima urgência”, afirmou, citado pelo El Pais. Após 19 dias presos no mar, os migrantes a bordo do Open Arms vão desembarcar ainda esta tarde.
[Notícia atualizada às 18h45]