A decisão de não julgar as duas empresas tinha sido tomada pelos juízes de instrução encarregados da investigação do acidente.
Em julho, o MP de Paris pronunciou-se a favor de um julgamento para a companhia aérea francesa, acusada de "negligência" e "imprudência", mas descartou o julgamento para a fabricante de aeronaves.
No entanto, a recomendação não foi seguida pelos juízes de instrução, que consideraram que as acusações de "homicídio involuntário" contra as duas companhias, feitas em 2011, eram insuficientes para justificar um julgamento.
O voo AF447 caiu no Oceano Atlântico em 01 de junho de 2009, sendo que todos os passageiros e tripulantes, de 34 nacionalidades, perderam a vida no acidente, o mais mortal da história da companhia francesa.
O elemento que desencadeou a tragédia foi o congelamento dos sensores localizados no exterior da aeronave, as sondas 'Pitot', o que provocou informações erradas sobre a velocidade e desorientou os pilotos, até à queda do avião no oceano.
No seu parecer, assinado em 29 de agosto, os juízes Nicolas Aubertin e Fabienne Bernard afirmaram que o "acidente deveu-se claramente a uma combinação de fatores que nunca haviam ocorrido antes e que, portanto, os perigos não podiam ser notados antes do acidente".
As investigações, que visavam determinar a possibilidade de atribuir a responsabilidade indireta do acidente à companhia aérea e à fabricante de aeronaves, "não levaram a caracterizar uma má conduta da Airbus, ou da Air France, em linha com (...) erros de pilotagem que originaram o acidente", apontaram os magistrados.
A decisão dos juízes provocou as críticas das associações de familiares das vítimas do desastre aéreo.
"Como não pensar que esta decisão foi guiada por interesses económicos que se sobrepuseram aos da Justiça?", questionou em comunicado a associação "entraide et solidarité vol AF447", acrescentando que a decisão "insulta a memória das vítimas".