No seu discurso na abertura da 42.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Michelle Bachelet disse estar preocupada com o facto de as políticas dos Estados Unidos, México e outros países da região "estarem a colocar os migrantes em situações de alto risco de violações dos direitos humanos e abusos".
"Nomeadamente, estou alarmada que as crianças migrantes continuem a ser detidas em centros nos Estados Unidos e no México, contrariando o melhor interesse para as crianças, que é um princípio fundamental do direito internacional", disse a alta comissária.
A responsável da ONU declarou que pelo menos 35 mil requerentes de asilo foram "empurrados de volta" para as áreas de fronteira no México para aguardar as suas audiências (para entrarem legalmente nos Estados Unidos) este ano.
O Governo do Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou os Estados Unidos do Conselho de Direitos Humanos no ano passado, acusando-o de ter um viés anti-israelita.
Michelle Bachelet, que é ex-Presidente do Chile, colocou o seu foco principal nas preocupações ambientais - pedindo uma maior participação na luta contra as alterações climáticas pelas empresas e um maior espaço para os ativistas ambientais expressarem as suas opiniões.
"Estamos a queimar o nosso futuro, literalmente", disse Bachelet.
"O mundo nunca viu uma ameaça aos direitos humanos desta dimensão. Esta não é uma situação em que qualquer país, instituição ou legislador possa ficar à margem", sublinhou.
A alta comissária criticou "ataques verbais a jovens ativistas, como a (sueca) Greta Thunberg e outros".
Reiterou também as suas preocupações com a "drástica aceleração da desflorestação da Amazónia".
"Os incêndios atualmente em toda a floresta tropical podem ter um impacto catastrófico na humanidade como um todo", disse Bachelet, "mas os seus piores efeitos são sofridos pelas mulheres, homens e crianças que vivem nessas áreas, entre os quais muitos povos indígenas".
Michelle Bachelet apelou às autoridades no Brasil, assim como do Paraguai e da Bolívia, para que executem "políticas ambientais de longa duração, evitando assim tragédias futuras".
Em outras questões, Michelet Bachelet manifestou preocupação com "extensas prisões e ações policiais" nas vésperas das eleições locais de domingo na Rússia. Juntou-se aos pedidos de "investigação sobre as alegações de uso excessivo da força pela polícia.
Expressou preocupação com a Caxemira indiana, incluindo as restrições à comunicação na Internet e às manifestações pacífica, além da detenção de líderes e ativistas políticos locais.
A alta comissária da ONU apelou à Índia para "facilitar os atuais bloqueios ou toques de recolher; para garantir o acesso das pessoas a serviços básicos" e garantir os direitos das pessoas.
"Peço aos Governos da Índia e do Paquistão que garantam que os direitos humanos sejam respeitados e protegidos", sublinhou.
Quanto a Israel, Bachelet criticou os "níveis muito altos de violência dos colonos (israelitas em áreas ocupadas por Israel) e o fracasso de Israel em proteger adequadamente os palestinianos de tais ataques ou em responsabilizar os autores".
Michelle Bachelet citou um aumento recente nas demolições de casas sob uma estrutura de planeamento israelita "que discrimina fortemente os palestinianos".
"Continuo alarmada com relatos de assassínios e ferimentos de palestinianos pelas forças de segurança israelitas em todo o território ocupado, acompanhados por uma falta de total responsabilização por casos de possível uso excessivo da força", disse ainda a alta comissária da ONU.