"Para evitar mais derramamento de sangue no Iraque, o Governo deve demitir-se e devem realizar-se eleições antecipadas sob a supervisão da ONU", disse o clérigo e antigo líder da milícia al-Mahdi, cujo braço político integra a atual coligação governamental.
Moqtada Al-Sadr foi o primeiro dirigente iraquiano a apoiar o movimento de contestação ao Governo, que começou na terça-feira e está a ser organizado através das redes sociais.
Na quarta-feira, o líder xiita pediu aos seus apoiantes que organizem manifestações pacíficas, fazendo lembrar o que aconteceu em 2016, quando os protestos contra a corrupção em Bagdad paralisaram o país.
De acordo com fontes médicas e policiais, citadas pela agência noticiosa AFP, 44 pessoas foram mortas desde o início das manifestações de terça-feira. Um balanço da agência Efe indica pelo menos 37 mortos, enquanto a Associated Press (AP) se refere a 53 mortos nos últimos quatro dias de protestos antigovernamentais.
Além das dezenas de mortos dos últimos dias, mais de 1.500 pessoas ficaram feridas durante os protestos em Bagdad e em outros pontos do país, tendo o governo decretado o estado de alerta e o recolher obrigatório na capital e em três províncias iraquianas: Nayaf, Bagdad (centro) e Maysan (sudeste).
O acesso à Internet está parcialmente bloqueado em todo o território. Os manifestantes protestam contra a corrupção, o desemprego e a degradação dos serviços públicos. Apesar da declaração do recolher obrigatório pelo governo, muitos continuaram a dirigir-se em direção à capital, transportados em camionetas.
Na quinta-feira, a Amnistia Internacional (AI) denunciou o uso de armas letais por parte das forças de segurança contra os manifestantes e pediu o fim do recolher obrigatório, que considera "arbitrário", e do bloqueio à Internet.
A AI mostrou-se preocupada com as informações que têm sido publicadas sobre prisões arbitrárias de manifestantes e jornalistas em várias regiões do Iraque como Baçorá, Bagdad e Nayaf.