"O que está em causa não é ganhar um estúpido jogo de culpa", diz Tusk

O presidente do Conselho Europeu perguntou hoje a Boris Johnson qual a sua intenção, lembrando ao primeiro-ministro britânico que está em causa o futuro da Europa e do Reino Unido e não ganhar "um estúpido jogo de culpa".

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Lusa
08/10/2019 12:19 ‧ 08/10/2019 por Lusa

Mundo

Brexit

"O que está em causa não é ganhar um estúpido jogo de culpa. O que está em causa é o futuro da Europa e do Reino Unido, assim como a segurança e os interesses dos nossos cidadãos. Não quer um acordo, não quer uma extensão, não quer revogar [o artigo 50.º], para onde vai?", questionou Donald Tusk numa publicação na sua conta na rede social Twitter.

O presidente do Conselho Europeu interpelou diretamente o primeiro-ministro britânico, identificando-o na publicação.

O tweet indignado de Donald Tusk é uma reação às informações, adiantadas por fonte do governo britânico à BBC, de que Boris Johnson está a preparar-se para uma rutura das negociações com a União Europeia (UE), uma decisão tomada após um telefonema com a chanceler alemã, Angela Merkel.

Segundo a BBC, Merkel terá dito que a UE só vai aceitar um acordo que mantenha a Irlanda do Norte na união aduaneira europeia, o que contraria o plano do primeiro-ministro para resolver o impasse do 'Brexit'.

Sem manter a província britânica alinhada com o mercado único europeu para evitar uma fronteira física na ilha da Irlanda, "ela disse que um acordo é altamente improvável", adiantou outra fonte do governo à Sky News.

O governo britânico propôs na semana passada a criação de uma zona regulatória comum entre a Irlanda do Norte e a vizinha Irlanda para facilitar a circulação de bens agroalimentares e industriais.

Porém, o plano pressupõe que a Irlanda do Norte sai da união aduaneira europeia e fica a fazer parte de uma união aduaneira britânica quando o Reino Unido sair da UE, após o período de transição, no final de 2020.

O alinhamento com as regras do mercado comum na Irlanda do Norte teria de ser autorizado pelas autoridades autónomas da província britânica todos os quatro anos.

O governo britânico considera que esta posição representa uma concessão e esperava que fosse suficiente para abrir negociações aprofundadas para chegar a um acordo a tempo do Conselho Europeu na próxima semana.

Outra fonte anónima, que a antiga ministra do Trabalho Amber Rudd disse à BBC Radio 4 acreditar ser o assessor do primeiro-ministro Dominic Cummings, adiantou à revista Spectator que, "se este acordo morrer nos próximos dias, não será ressuscitado".

Neste cenário, Londres vai tentar concretizar uma saída sem acordo a 31 de outubro, ameaçando com retaliações os países que aceitarem um eventual pedido de adiamento do Brexit.

Legislação em vigor estipula que o primeiro-ministro é obrigado a pedir uma extensão do processo do Brexit por mais três meses, até 31 de janeiro, se não for alcançado um acordo até 19 de outubro nem autorizada uma saída sem acordo.

"Vamos deixar claro, de forma privada e publica, que os países que se opuserem ao adiamento vão estar na frente da fila para uma futura cooperação - cooperação em assuntos dentro e fora das competências da UE. Aqueles que apoiarem o adiamento irão para o fim da fila", vincou a mesma fonte.

 

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