Segundo um edital publicado hoje pela Administração Geral da Alfândega da China mas datado de sábado passado, passa a ser proibida a importação, direta ou indireta, ou o transporte de porcos, javalis ou "produtos derivados" de Timor-Leste.
Quem violar a interdição será punido de acordo com a lei, sublinha a Alfândega, e os animais ou produtos serão devolvidos ao arquipélago ou destruídos.
No caso de a China servir apenas como ponto de passagem dos animais ou produtos rumo a um outro mercado, o veículo em que segue a mercadoria deverá ser selado e só aberto com a autorização da alfândega chinesa, explica o edital.
O Ministério da Agricultura de Timor-Leste anunciou a 03 de outubro que cerca de 400 porcos em explorações agrícolas tinham morrido de peste suína.
A interdição não deverá ter impacto na economia timorense, uma vez que a China não importou qualquer produto animal de Timor-Leste nem no ano passado nem nos primeiros oito meses deste ano, segundo dados oficiais da Administração Geral da Alfândega da China.
A Alfândega justifica a medida com a necessidade de "proteger a segurança da pecuária chinesa e prevenir a introdução da epidemia" na China continental.
Mas a peste suína africana foi já detetada na China continental há um ano, tendo-se espalhado por 32 províncias e regiões do país. A doença não é transmissível aos seres humanos, mas é fatal para porcos e javalis, tendo obrigado ao abate de mais de um milhão de suínos, segundo o Ministério chinês da Agricultura.
O país já perdeu 40% do seu gado, o que levou a inflação na China a subir em agosto ao ritmo mais rápido dos últimos 18 meses. A carne de porco é parte essencial da cozinha chinesa, compondo 60% do total do consumo de proteína animal no país. Dados oficiais revelam que os consumidores chineses comem mais de 120 mil milhões de quilos de carne de porco por ano.
Para compensar o défice na produção doméstica, estimado em 10 milhões de toneladas, a China tem aumentado as importações do Brasil e da Europa.
No final do ano passado, as autoridades chinesas autorizaram três matadouros portugueses a exportar para o país.
As estimativas iniciais apontavam que as exportações portuguesas para China se fixassem em 15 mil porcos por semana, movimentando, no total, 100 milhões de euros.