Enquanto os manifestantes exigem a demissão de todos os dirigentes das diversas tendências que integram o Governo, o primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, apelou hoje ao apoio internacional para concretizar o pacote de reformas anunciado na segunda-feira, e disse esperar que as medidas anunciadas aumentem os investimentos estrangeiros e ajudem a economia do país do Médio Oriente, em graves dificuldades.
No entanto, e após esse anúncio, os protestos atingiram maior dimensão, com os manifestantes a compararem as medidas às "promessas vazias" das últimas décadas, que nunca se concretizaram.
O primeiro-ministro anunciou um orçamento com 0,6% de défice e sem novos impostos, para além da redução de 50% do salário para todos os ministros, deputados e outros altos cargos, e a eliminação dos organismos estatais que não sejam necessários.
Também prometeu reduzir os cortes de eletricidade, num país que 29 anos após o fim da guerra civil e a intervenção israelita (1975-1990) ainda não consegue fornecer água e luz de forma contínua aos cidadãos.
As maiores manifestações dos últimos 15 anos conseguiram unificar uma população muitas vezes dividida na sua contestação aos líderes do 'status quo', no poder há três décadas e que colocaram a situação económica à beira do desastre. A corrupção generalizada também afeta as infraestruturas do país e os serviços básicos.
Alguns dos manifestantes passaram a noite nos locais onde têm decorrido as concentrações, em particular a praça Riad al Sohl, junto à mesquita Azul de Beirute para impedir o acesso do exército, que esta manhã conseguiu reabrir algumas estradas cortadas pelos manifestantes.
Diversas instituições públicas permaneciam encerradas, incluindo bancos, escolas e universidades, que devem reabrir as portas na quarta-feira.
Uma outra consequência dos protestos residiu no anúncio da ministra do Interior, Raya al Hassan, sobre o adiamento das eleições locais que deveriam decorrer a 27 de outubro, e até nova decisão.