A manifestação, convocada pela Assembleia Nacional Catalã (ANC), Òmnium Cultural e um grande grupo de entidades da sociedade civil e culturais, encheu a avenida da Marina de Barcelona, de acordo com a agência Efe, para protestar contra as sentenças proferidas pelo Supremo Tribunal contra os líderes do 'procés', o caso que envolve o julgamento dos líderes catalães associados ao referendo independentista de 01 de outubro de 2017.
Vários milhares de pessoas convocadas pelos denominados Comités de Defesa da República (CDR) concentravam-se ainda, pelas 19h30 (18h30 em Lisboa), em frente à sede da Polícia Nacional, na Avenida Laietana de Barcelona, em frente a um forte dispositivo policial.
Todas as forças independentistas - JxCat, PDeCAT, ERC, CUP e Demócrates - aderiram à manifestação, que contou com a presença do presidente do governo catalão, Quim Torra, assim como do presidente do parlamento local, Roger Torrent.
A marcha acontece depois do Supremo Tribunal espanhol ter tornado pública, no passado dia 14 de outubro, a sentença, atribuindo penas de prisão contra Oriol Junqueras, Raül Romeva, Joaquim Forn, Jordi Turull, Josep Rull, Dolors Bassa, Carme Forcadell, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart.
O vice-presidente do executivo catalão, Pere Aragonès, bem como os conselheiros Josep Bargalló (Educação), Àngels Chacón (Economia) ou Damià Calvet (Território) também participaram na manifestação.
Os manifestantes exibiram bandeiras e cartazes com 'slogans' como "A prisão não é a solução", "Basta de repressão", "Amnistia" ou "Espanha, senta-te e conversa". As proclamações a favor da "independência" da Catalunha e da liberdade dos "presos políticos" marcaram as intervenções na manifestação.
Um grupo de manifestantes bloqueou as linhas de caminho-de-ferro e impediu a circulação ferroviária nas linhas suburbana R-3,junto à estação Mollet-Santa Rosa (Barcelona), e R12 (Cervera-Lleida).
As autoridades catalãs apelaram à "unidade" e sublinharam o caráter "não-violento" do movimento independentista e exigiram que o Governo e o Parlamento em Madrid deem "urgentemente" uma resposta política e institucional ao "momento histórico" que constitui a decisão do Supremo Tribunal.
"Perante este ataque sem precedentes à democracia, precisamos urgentemente de uma resposta política e institucional no auge deste momento histórico que estamos a viver", afirmaram através de um manifesto lido durante a manifestação pela presidente da ANC, Elisenda Paluzie.
As entidades organizadoras do protesto afirmaram que continuarão a liderar mobilizações "pacíficas, transversais e inclusivas", e pediram às instituições catalãs e espanholas "propostas políticas" que respondam ao "clamor das ruas".
"Fá-lo-emos como o fizemos até agora, de forma serena e pacífica, mas persistente e perseverante", afirmaram, antes de garantir que "as liberdades" que reivindicam "são defendidas com a palavra e conquistadas com a mobilização pacífica de forma imaginativa, massiva e plural".
O Supremo Tribunal espanhol condenou, a 14 de outubro, os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão.
A sentença motivou protestos independentistas, que começaram no próprio dia do anúncio do Supremo e se repetiram ao longo de vários dias em Barcelona e em outras cidades da região autónoma.
A par de várias manifestações pacíficas, a vaga de contestação ficaria igualmente marcada por distúrbios e violentos confrontos entre manifestantes mais radicais e as forças de segurança.
Os protestos na Catalunha ficaram igualmente marcados por cerca de duzentas detenções e centenas de agentes das forças de segurança feridos.