"Continuo profundamente preocupado com a situação trágica do grande número de refugiados Rohingya", disse António Guterres aos líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), reunida em Banguecoque.
Cabe à Birmânia garantir o repatriamento "seguro", "digno e sustentável" daqueles que desejam regressar, acrescentou, perante a impassividade da chefe do Governo birmanês, Aung San Suu Kyi.
Cerca de 740.000 Rohingyas, praticantes do islamismo, fugiram desde agosto de 2017 dos maus tratos do exército birmanês e das milícias budistas, descritas como "genocídio" pelos investigadores da ONU.
Desde então, apenas algumas centenas de famílias regressaram à Birmânia, vivendo, contudo, a maioria delas em enormes campos improvisados mo Bangladesh.
Estas famílias recusam-se a regressar ao país predominantemente budista sem garantias de segurança e temem, em caso de repatriação, serem enviados para campos para pessoas deslocadas.
Segundo Antonio Guterres, as autoridades birmanesas tomaram medidas positivas, mas ainda há muito a ser feito.
Esta minoria étnica tem, desde há décadas, negada a cidadania e outros direitos cívicos pelo Governo, que os considera estrangeiros e uma ameaça à identidade nacional.
Os Rohingya exigem livre circulação dentro do país e igual acesso aos serviços de educação, emprego e saúde.
Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz de 1991, é amplamente criticada pela comunidade internacional pela sua incapacidade de parar esta crise, tendo a ONU acusado o seu Governo de ter "contribuído para as atrocidades".