Tensão pós-eleitoral em Moçambique é hipótese para "refundar o Estado"

Um grupo de académicos e ativistas moçambicanos defendeu esta segunda-feira, após uma reunião com o Presidente, que a tensão pós-eleitoral que o país atravessa deve servir de oportunidade para "refundar o Estado", pedindo um debate mais holístico.

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Lusa
25/11/2024 18:40 ‧ há 1 hora por Lusa

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Moçambique

"Este momento é uma oportunidade de sensibilizar a sociedade para a necessidade de discutir não só sobre as questões eleitorais. Temos consciência de que a grande preocupação que as pessoas têm neste momento é discutir a justiça eleitoral, mas Moçambique não é só isso. Há muitos outros problemas (...) A nossa questão é discutir Moçambique (...), a partir da base", declarou o porta-voz do grupo, o jurista e professor universitário Tomás Timbana.

 

Timbana falava à comunicação social na Presidência da República, momentos após uma reunião com chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, para apresentação do "Manifesto para o Cidadão", um documento produzido pelo grupo que reúne diversas figuras de referência em várias áreas, com destaque para filosofia, jornalismo, economia e ciência política.

Segundo o porta-voz do grupo, a reunião serviu para a apresentação do manifesto ao Presidente, num momento em que Moçambique é "chamado a refundar o Estado" face à contestação eleitoral, com conflitos entre manifestantes e a polícia com dezenas de mortes e feridos um pouco por todo país.

O chefe de Estado moçambicano convidou os candidatos às presidenciais nas eleições realizadas em 09 de outubro para uma reunião na terça-feira para "discutir a situação do país no período pós-eleitoral".

De acordo com o porta-voz deste grupo, no encontro de hoje a reunião de terça-feira não foi debatida, embora uma das individualidades propostas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que convocou as manifestações, para "representar os moçambicanos" no encontro com Nyusi integre o grupo de académicos que esteve na presidência: o filósofo moçambicano Severino Ngoenha.

"O Presidente da República e os candidatos terão toda liberdade para debater o que acharem adequado, tendo em conta os seus interesses e as atribuições que cada uma das entidades têm", frisou Timbana.

A reunião terá lugar no gabinete de Filipe Nyusi, em Maputo, na terça-feira, às 16:00 (14:00 em Lisboa), envolvendo os candidatos Presidenciais Daniel Chapo, Venâncio Mondlane, Lutero Simango e Ossufo Momade.

Venâncio Mondlane exigiu na sexta-feira a eliminação imediata dos processos judiciais de que é alvo, movidos pelo Ministério Público moçambicano, e a sua participação por meios virtuais como condição para participar no encontro.

Mondlane, que não aceita os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional, apontando várias irregularidades ao processo eleitoral, rejeita um diálogo "à porta fechada" e com "segredinhos".

Venâncio Mondlane contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE.

Ossufo Momade, candidato presidencial e líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal força de oposição, aceitou o convite de Filipe Nyusi, desde que participem os quatro candidatos que concorreram, anunciou no domingo o maior partido da oposição.

O candidato Lutero Simango, que é também líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, segundo maior partido da oposição), que já pediu a anulação das eleições gerais e a repetição da votação com os mesmos argumentos, confirmou que aceita participar no encontro, colocando, também, como condição, a presença de todos os quatro.

Também a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) confirmou hoje a presença do candidato presidencial Daniel Chapo na reunião agendada pelo Presidente moçambicano, "reafirmando o seu compromisso na promoção da estabilidade política no país", lê-se numa nota do partido, enviada hoje à Lusa.

Leia Também: Eleições em Moçambique? "Verdade eleitoral" alcançada até 23 de dezembro

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