O plano regional será apresentado hoje pela Organização Internacional das Migrações (OIM) e pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) em Bogotá, capital da Colômbia.
No início do mês corrente, existiam cerca de 4,6 milhões de migrantes e refugiados venezuelanos em todo o mundo, pessoas que saíram do país desde 2015 para procurar proteção ou melhores condições de vida.
Cerca de 80% destas pessoas estão em países da região da América Latina e Caraíbas, "sem perspetiva de um regresso a curto ou a médio prazo", frisaram as duas organizações da ONU, num comunicado conjunto.
Se o atual ritmo de partidas se mantiver, as saídas deste país sul-americano poderão atingir os 6,5 milhões até final de 2020.
Isso representaria ultrapassar as 5,6 milhões de pessoas que fugiram da Síria desde o início da guerra em 2011, segundo admitiram recentemente as Nações Unidas.
"O plano regional de resposta a refugiados e migrantes 2020 (RMRP, na sigla em inglês) a ser lançado na capital colombiana é uma ferramenta de coordenação e de captação de fundos estabelecida e implementada por 137 organizações. Estas estão a trabalhar em toda a região, com o objetivo de atingir os cerca de quatro milhões de pessoas - incluindo refugiados e migrantes venezuelanos e as comunidades anfitriãs - em 17 países", explicaram a OIM e o ACNUR.
O RMRP 2020 é, segundo as duas entidades, o resultado de um amplo processo de consultas no terreno, que envolveu os Governos dos países anfitriões, sociedade civil e organizações religiosas, comunidades e doadores locais, bem como os próprios refugiados e migrantes.
O plano inclui ações em nove áreas classificadas como fundamentais: saúde; educação; segurança alimentar; integração; proteção; nutrição; abrigos; transporte humanitário e apoio de emergência, e água, saneamento e higiene.
A par desta resposta de emergência, o RMRP 2020 coloca igualmente o foco na inclusão social e económica dos refugiados e migrantes venezuelanos.
"Só através de uma abordagem coordenada e conciliada irá ser possível responder eficazmente às necessidades de larga escala, que continuam a aumentar e a evoluir à medida que a atual crise se adensa", declarou o representante especial da OIM/ACNUR para os refugiados e migrantes venezuelanos, Eduardo Stein, citado no comunicado.
O antigo vice-presidente da Guatemala, nomeado representante especial da ONU em setembro de 2018, referiu que, "apesar dos muitos esforços e outras iniciativas", a dimensão do problema "é maior do que a atual capacidade de resposta".
"Por isso, é necessário que a comunidade internacional duplique os esforços e as contribuições para ajudar os países e as organizações internacionais a responderem à crise", concluiu Stein.
A Venezuela, país que conta com cerca de 32 milhões de habitantes e com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes, enfrenta um clima de grande instabilidade política, situação que se soma a uma grave crise económica e social.
Na terça-feira, dados avançados pela ONU indicaram que o número de pessoas subnutridas no país mais do que duplicou, passando de 2,9 milhões de pessoas no triénio 2013-2015, para 6,8 milhões no triénio 2016-2018.