Numa conferência de imprensa que antecede a entrega dos prémios, na próxima semana, os laureados das três áreas alertaram para a importância do assunto.
Didier Queloz, que partilhou o Nobel da Física pela descoberta do primeiro grande exoplaneta (a que chamaram 51 Pegasi B) em órbita de uma estrela como o Sol, criticou a ideia de que se pode evitar os efeitos das alterações climáticas com a saída do planeta.
"Acho que isso é irresponsável porque as estrelas estão tão longe e nós não deveríamos ter qualquer esperança em fugir da Terra", referiu o astrónomo suíço.
"Além disso, somos uma espécie que evoluiu e se desenvolveu para este planeta. Não fomos concebidos para sobreviver em qualquer outro planeta que não este. É melhor se gastarmos o nosso tempo e energia a tentar arranjá-lo", acrescentou.
Uma das laureadas com o Nobel da Economia, Esther Duflo, considerou que as alterações climáticas "vão requerer uma mudança comportamental, em particular nos países ricos" que são grandes consumidores de bens e energia.
"Para ajudar a resolver o assunto das alterações climáticas, o momento é agora, mas temos de ser pragmáticos. Não podemos simplesmente desligar o dióxido de carbono", defendeu Stanley Whittingham, que partilhou o Nobel da Química pelo seu trabalho no desenvolvimento de baterias de iões de lítio.
Citado pela agência Associated Press, James Peebles, que foi um dos distinguidos com o Nobel da Física pelo seu estudo sobre o período imediatamente após o 'Big Bang', mostrou-se entusiasmado com o ativismo jovem pelo clima.
"Vejo estas pessoas em Princeton [Nova Jérsia], a minha cidade, a marchar pelo controlo do clima. É uma coisa maravilhosa. Adoro o seu entusiasmo, a sua energia, a sua devoção a algo muito digno", referiu o cientista norte-americano nascido no Canadá.
Também à margem da conferência, Whittingham referiu estar encorajado pelos protestos.
"Talvez alguns dos jovens não percebam quanto demora, mas eu olho para a era da Guerra do Vietname e para os Estados Unidos, onde foram realmente os jovens que pressionaram os políticos a acabar com aquele disparate", disse o químico nascido no Reino Unido.
Cerca de 200 países presentes estão representados na cimeira das Nações Unidas sobre o clima (COP25), que começou segunda-feira, em Madrid, com a presença de 50 líderes mundiais.
Segundo os objetivos definidos pela comunidade científica e em acordos assinados, mas ainda não ratificados por todos os países, nomeadamente pelos Estados Unidos, um dos mais poluidores, é necessário limitar a menos de 1,5 graus o aumento da temperatura global até ao fim do século.