Erupção de vulcão foi "basicamente instantânea". Quem se responsabiliza?

Sempre existiu risco na (dispendiosa) viagem até ao vulcão de White Island, na Nova Zelândia, mas o turismo não sofreu impedimento. Agora que morreram seis pessoas e oito continuam desaparecidas, as atenções viram-se para operadores turísticos. Mas só eles têm responsabilidade?

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© Twitter/Michael Schade

Anabela Sousa Dantas
10/12/2019 12:58 ‧ 10/12/2019 por Anabela Sousa Dantas

Mundo

Vulcão White Island

Pelo menos, 47 pessoas estavam na ilha de White Island, também conhecida como Whakaari, na Nova Zelândia, quando o vulcão entrou em erupção. Até ao momento, seis pessoas já foram confirmadas como vítimas mortais e oito continuam desaparecidas, prevendo-se uma subida para 14 do balanço de fatalidades. O incidente levantou perguntas, sobretudo em relação ao porquê de estarem pessoas a passear numa cratera que estava prestes a explodir.

Um vulcanologista explicou ao New Zealand Herald que a erupção na ilha foi "basicamente instantânea". "Num minuto não estava a acontecer nada e no minuto seguinte aconteceu tudo", disse Brad Scott, da GNS Science.

De facto, as imagens que começaram a surgir nas redes sociais mostram os turistas a caminhar pelos limites da cratera, pelo menos meia hora antes da explosão. É possível ver que existe muito fumo, mas nada que não pudesse ser testemunhado antes naquele local, segundo testemunham os locais.

Sempre se assumiu que a visita à ilha era um risco, afinal trata-se do vulcão mais ativo da Nova Zelândia - conforme é promovido pelas agências de turismo, onde é vendido como um dos locais de filmagem da trilogia 'O Senhor dos Anéis' -, mas os avisos não eram impeditivos. 

No dia 3 de dezembro, o grupo de controlo de atividades geológicas da GeoNet alertou que o vulcão "entrou num período de atividade eruptiva", mas sublinhando que a situação não representava "um perigo direto para os visitantes". O nível de ameaça do vulcão foi, porém, aumentado na semana passada. Mas o turismo continuou (o preço mais baixo para visitar a ilha é 230 euros, para crianças).

Notícias ao MinutoTentativas de resgate, na segunda-feira© Auckland Rescue Helicopter Trust

A polícia neozelandesa já indicou que vai existir uma investigação, embora não possa ainda dizer se será ou não criminal. Em causa, está a imputação de responsabilidades: será para a família que é dona da ilha, para os operadores turísticos, para o governo, ou para todos?

Segundo escreve o New York Times, as excursões turísticas acontecem há décadas e são fruto de parcerias entre a família que é dona da ilha há várias gerações e alguns operadores turísticos. A White Island está 70% submersa e os turistas são convidados a caminhar pelas margens da cratera, subindo até um lago no centro da mesma.

A publicação norte-americana explica que estas excursões devem respeitar a regulação de saúde e segurança em atividades de aventura, lei atualizada em 2016, que impõe uma auditoria de segurança a empresas que "deliberadamente expõe participantes a risco sério para a sua saúde e que deve ser assegurada pelo prestador de serviços".

O principal operador turístico é o White Island Tours - responsável pela maior parte dos turistas na ilha, na segunda-feira -, uma empresa registada e licenciada para a prestação daquele serviço.

Não há ainda um posicionamento oficial do governo neozelandês, que ainda não fez comentários sobre a investigação, assim como não comentaram os operadores turísticos a trabalhar no local, nem os donos da ilha.

A primeira-ministra, Jacinda Ardern, já se encontrou, porém, com os primeiros socorristas a chegar ao local e já prestou tributo às vítimas no Parlamento, indicando que "maiores questões serão levantadas em relação a este incidente".

O que é certo é que a erupção aconteceu e, das 47 pessoas no local, foram hospitalizadas 36 (seis morreram). A explosão lançou rochas e uma grande quantidade de cinzas sobre toda a ilha, transformando o local num sítio inacessível em pouco tempo. Os feridos ficaram com queimaduras no corpo, de vários níveis de gravidade - a maior parte dos feridos tem queimaduras em mais de 30% do corpo.

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