"As pessoas que entrevistámos no extremo norte dos Camarões vivem aterrorizadas, muitas foram testemunhas de ataques do Boko Haram e perderam familiares e amigos", disse, num comunicado, a diretora interina da AI para a África Ocidental e Central, Samira Daoud.
"A questão é que estas pessoas não se perguntam se haverá mais ataques, mas sim quando é que eles ocorrerão", acrescentou, confirmando que estas pessoas sentem-se "abandonadas pelas autoridades".
Durante o trabalho de campo levado a cabo pela AI, a organização não-governamental de direitos humanos documentou abusos, violações e delitos graves, como a morte de um ancião cego e do seu filho durante um ataque noturno na localidade de Gakara, ou a queima e o saque de centros de saúde e habitações.
O Boko Haram, apesar de ser originário da Nigéria, tem uma forte presença nos países vizinhos Chade, Camarões e Níger, tendo deixado um rasto de dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, segundo lembra a agência de notícias espanhola Efe.
O grupo foi criado em 2002 na localidade de Maiduguri, no noroeste da Nigéria, pelo líder espiritual Mohameh Yusuf, para criticar o abandono do norte do país pelas autoridades nigerianas, tendo começado por lançar ataques contra a polícia local, por representar o Estado, mas desde a sua morte o grupo radicalizou-se e juntou-se, já em 2015, ao grupo terrorista Estado Islâmico.