Este relatório foi preparado por especialistas do Alto Comissariado que visitaram o Chile entre 30 de outubro e 22 de novembro.
"A gestão das manifestações pela polícia foi realizada de maneira fundamentalmente repressiva", disse a líder da missão, Imma Guerras-Delgado, durante a apresentação do relatório em Genebra, na Suíça.
O documento contém exemplos específicos de tortura, maus-tratos e violações por parte da força policial militarizada contra os detidos, muitos dos quais foram detidos arbitrariamente.
O relatório indica que, com base em informações coletadas de uma ampla variedade de fontes, "a polícia repetidamente não fez distinção entre manifestantes pacíficos e violentos".
Durante a missão, a equipa do Alto Comissariado conseguiu documentar 113 casos de tortura e maus-tratos e 24 casos de violência sexual contra mulheres, algumas muito jovens, e homens, cometidos por agentes da polícia e militares.
"A polícia tem uma responsabilidade na prática de violações dos direitos humanos. No que diz respeito às responsabilidades individuais da polícia, não podemos concluir. Estas terão que ser estabelecidas a nível nacional", observou a líder da missão.
Segundo informações oficiais citadas no relatório, mais de 28.000 pessoas foram detidas entre 18 de outubro e 06 de dezembro, e a maioria delas foi posteriormente libertada.
O movimento de protesto social que sacode o Chile desde 18 de outubro é o mais grave desde o retorno da democracia em 1990.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos conseguiu verificar informações sobre 11 das 26 mortes que as autoridades estão a investigar.
Quatro desses casos constituem "uma privação arbitrária da vida e mortes que envolvem agentes do Estado".