EUA/Irão: Unesco recorda convenções sobre proteção de locais culturais

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lembrou hoje que os Estados Unidos e o Irão ratificaram duas convenções que protegem a propriedade cultural em caso de conflito, após ameaças do Presidente norte-americano contra locais culturais iranianos.

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Lusa
06/01/2020 15:48 ‧ 06/01/2020 por Lusa

Mundo

EUA/Irão

No passado sábado, Donald Trump usou a sua conta pessoal na rede social Twitter para dizer que os EUA têm sob mira, para possível ataque, 52 alvos no Irão, incluindo locais "muito importantes para o Irão e para a cultura iraniana", no caso de Teerão retaliar pelo ataque aéreo que vitimou mortalmente um alto comandante iraniano.

Hoje, a diretora-geral da Unesco reuniu com o embaixador iraniano em Paris, Ahmad Jalali, enfatizando que os Estados Unidos e o Irão ratificaram duas convenções (em 1954 e 1972) sobre a proteção da propriedade cultural e do património mundial, de acordo com um comunicado da organização ligada à ONU.

O comunicado sublinha que a convenção de 1972 estipula que cada estado "se compromete a não tomar medidas deliberadas que possam prejudicar direta ou indiretamente o património cultural e natural (...) situado no território de outros estados subscritores da convenção".

A diretora-geral da Unesco recordou ainda os termos da resolução 2347 do Conselho de Segurança da ONU, adotada por unanimidade em 2017, que condena os atos de destruição de património cultural, mesmo em caso de conflitos militares.

"Azoulay enfatizou a universalidade do património cultural e natural como vetores de paz e diálogo entre os povos, que a comunidade internacional tem o dever de proteger e preservar para futuras gerações", pode ler-se no comunicado hoje divulgado pela Unesco.

O comunicado nunca se refere à ameaça de Donald Trump, de atacar locais culturais no Irão, e Audrey Azoulay recordou o embaixador iraniano que as convenções foram assinadas pelos dois países.

Este fim-de-semana, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, entrevistado por jornalistas de várias estações televisivas, também foi confrontado com a mensagem do Presidente no Twitter, referindo os alvos culturais iranianos, mas recusou comentar o seu teor.

O general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas - Rússia, França, Reino Unido, China e EUA - mais a Alemanha, e que visava restringir a capacidade iraniana de desenvolvimento de armas nucleares. Os Estados Unidos abandonaram o acordo em maio de 2018.

No Iraque, o parlamento aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, no qual Washington se compromete a ajudar na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico e que justifica a presença de cerca de 5.200 militares norte-americanos no território iraquiano.

 

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