"Preservar os acordos e garantir a sua implementação deve continuar a ser uma prioridade de todos os parceiros", afirmou o ministério russo em comunicado, após a decisão anunciada por Teerão de que vai reduzir os seus compromissos no campo nuclear.
Os anúncios de Teerão "não representam qualquer ameaça do ponto de vista da proliferação nuclear", avisou Moscovo, acrescentando que tudo "depende dos colegas europeus".
O governo iraniano anunciou no domingo que deixará de cumprir as limitações impostas ao seu programa nuclear, mas adiantou que continuará a cooperar com a Agência Internacional de Energia Atómica.
De acordo com um comunicado oficial do governo de Teerão, o quinto e definitivo passo de redução de compromissos nucleares "elimina a última restrição técnica que restava, que era o limite do número de centrifugadoras (para enriquecimento de urânio)", que era de cerca de 6.100.
O programa nuclear do Irão deixa, desta forma, de ter restrições operacionais à capacidade e quantidade de material enriquecido armazenado e atividades de investigação.
Sublinhando existirem áreas do acordo nas quais a abordagem dos parceiros europeus pode melhorar, a Rússia defendeu acreditar que "quando essas questões forem resolvidas, o lado iraniano não terá motivos para se desviar dos requisitos acordados".
A posição anunciada por Teerão no domingo foi tomada num clima de agravamento das tensões com os Estados Unidos desde sexta-feira, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, ordenou um ataque aéreo para matar o general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds.
No mesmo ataque morreu também o vice-presidente da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], além de outras oito pessoas.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.
A Rússia é um dos países que assinaram, em 2015, um acordo sobre o programa nuclear do Irão, a par dos Estados Unidos, do Reino Unido, da China, da França da Alemanha.
O acordo de 2015, concluído após vários anos de esforços diplomáticos, prevê uma limitação do programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções internacionais contra o país.
No entanto, em maio de 2018, os Estados Unidos decidiram retirar-se unilateralmente do acordo e restabeleceram sanções punitivas contra o Irão, impedindo a recuperação económica pretendida por Teerão.
Um ano depois, em maio de 2019, e após ter aguardado sem sucesso que as outras partes do acordo ajudassem o país a contornar as novas sanções norte-americanas, o Irão anunciou que ia alterar progressivamente alguns dos compromissos assumidos.